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A cultura rave tem sempre vinte anos por Odile de Plas
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Cultura
Seg, 18 de Agosto de 2008 09:03
A história da música pop não tem apenas um, mas três "Summers of Love", os "verões do amor" sinônimos de revolução cultural e musical. O de 1967 foi, com certeza, o primeiro, que desencadeou a onda hippie com seu slogan "Paz e Amor". Mas também os de 1988 e 1989, menos conhecidos do grande público, porque ficaram circunscritos à Inglaterra. Sua importância, todavia, pode ser medida ainda hoje.
Foram os verões da geração eletrônica, os atos fundadores da cultura rave que se estendeu por toda a Europa durante os anos 90.

Isso tudo já faz vinte anos, e o festival Astropolis em sua 14ª edição, (13 a 17 de agosto), em Brest (Finisterra), convidou alguns DJs históricos, como Daniel Bell e Derrick May, um dos três "inventores" da música techno em Detroit (Michigan).

O organizador da Astropolis, Mathieu Guerre-Berthelot não viveu o "verão do amor" de 1988, e por uma só razão: "o 'Summer of Love'
francês foi, na verdade, o Inverno do Amor 92", brinca. "A imprensa de rock francesa falava sobre essa tendência estranha que sacudia a cultura pop britânica", ele se lembra. "Nós víamos isso com um certo desprezo, para nós era uma coisa de clubes noturnos. Mas quando fomos à grande rave Transmusicales em Rennes, em 1992, entendemos finalmente do que se tratava, foi um verdadeiro choque cultural. Todo mundo sorria, dançava, isso nos tirou dos ambientes sinistros dos shows de rock dos anos 80."



Uma revelação idêntica à que tiveram os clubbers ingleses, no verão de
1988 nas discotecas de Londres, quando os DJs (Danny Rampling ou Paul
Okenfoald) que haviam acabado de voltar de Ibiza, nas Ilhas Baleares, reuniram os modernos em torno de uma música desconhecida. Uma mistura alegre e hipnótica de disco, mas sobretudo do techno vindo de Detroit e da house music de Chicago (Illinois).

De Ibiza, os DJs também trouxeram uma droga que se dizia inofensiva: o MDMA ou ectasy. Uma molécula que provoca a empatia pelo próximo, dá um sentimento de estar em simbiose com a música e com o ambiente. "Um laxante ideal para os ingleses travados", segundo Simon Reynolds, autor da obra de referência sobre essa época, "Energy Flash, a Journey Through Rave Music and Dance Culture".

Participando de uma revolução
Em poucos meses, o rumor das noites loucas de Londres se espalhou e provocou o verão seguinte, em 1989, uma bacanal para a juventude como o país nunca havia visto em muitos anos. Bastava um comércio ou uma clareira. Algumas grávidas, DJs, milhares de iniciados que se aglomeravam, guiados pela troca de mensagens em suas secretárias eletrônicas, e estava formada a rave. "To rave", em inglês, significa delirar. Ele convém à atmosfera dessas festas selvagens onde se dança até o dia seguinte, em comunhão com a música e com todos os desconhecidos, transformados em melhores amigos. É possível ver coisas inimagináveis, como um fã do time de futebol londrino Chelsea abraçar um torcedor incondicional do rival Arsenal. Engarrafamentos monstruosos bloqueando a M25, na periferia de Londres, todos os fins de semana. A multidão é reunida pelo segredo e pelo sentimento exaltante de participar de uma revolução musical e festiva tão importante quanto o nascimento do rock nos anos 50 ou do rap na aurora dos anos 80.

Por causa de sua ausência de discurso, de reivindicações políticas ou sociais, o movimento rave enfrentou críticas no começo. Os DJs americanos, principalmente os de Detroit, não gostavam da idéia de ver sua música, cerebral, futurista e sobretudo intimamente ligada à história de sua cidade, reduzida à um suporte festivo. Em Nova York e Chicago, o espírito disco e house, nascido na comunidade gay, se adequava melhor.

As raves se politizaram de fato depois de sua proibição pelo governo Thatcher na Grã-Bretanha, em 1992. Na França, isso aconteceu com a circular Pasqua de 1995, intitulada "raves, fenômenos de alto risco".
Toda vez, as conseqüências eram as mesmas: interdição ou grandes dificuldades para organizar festas "legais", radicalização de uma parte do movimento dentro do movimento dos "travellers" e das "free parties" (Teknival na França) que reuniram até 40 mil pessoas na França no começo dos anos 2000.

Apesar de os dez anos do "Summer of love" eletrônico terem gerado uma literatura importante na Grã-Bretanha, seus vinte anos são surpreendentemente pouco celebrados fora da imprensa especializada.
Será um sinal de um certo desafeto pelos músicos eletrônicos? "Ao contrário", acredita Mathieu Guerre-Berthelot, "acho que só comemoramos de verdade aquilo que desapareceu completamente. A cultura rave e eletrônica está bastante viva hoje. Basta observar a moda da Tektonik nas escolas ou a corrente nu-rave entre os jovens roqueiros ingleses. Uma nova geração tomou a vez."

Quanto às interdições que golpearam a música eletrônica, elas acabaram caindo. "A única coisa que as autoridades ainda não conseguem entender", constata Mathieu Guerre-Berthelot, "é por que fazemos questão de terminar às sete horas da manhã e não às três, como os festivais de rock. Mas aqui, não viemos somente para ver um simples show, nós vivemos uma experiência global. E o nascer do sol faz parte."

Tradução: Eloise De Vylder


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