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A impotência e a Síndrome de Estocolmo por Eduardo Guimarães
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Cultura
Qui, 24 de Janeiro de 2008 06:07
Por conta do post de ontem tratando de novas manifestações do MSM, conversei por telefone e por e-mail com várias pessoas ligadas ao Movimento. São formas de comunicação com vocês que, ainda que não possam ser rotineiras, são muito ricas.   Depois de falar, falar, escrever e escrever, fiquei pensando: acho que todo jornalista, todo blogueiro, todo aquele que escreve para muitas pessoas lerem deveria conversar com seus leitores. 

 A experiência que este blog e, depois e mais do que ele, o MSM vêm me proporcionando em termos de conhecimento da alma humana, é insuperável e extremamente didática. Comportamentos dos mais díspares podem ser vistos. Formas totalmente antagônicas de ver o mundo. Sabedoria, generosidade e humildade se contrapõem à ignorância, ao egoísmo e ao pior de todos os sentimentos, o ódio, muitas vezes gratuito. 

 Mas há um sentimento que noto na maioria dos que compartilham meus pontos de vista políticos e ideológicos: a impotência.   Vou lhes dizer, fico verdadeiramente consternado ao constatar pessoas de todos os níveis sociais, de todas as faixas etárias, de todas as partes do país que não cabem mais em si de indignação com a mídia. Mas o sentimento de impotência dessas pessoas, por saberem que têm que ler e assistir mentiras e mais mentiras se sobrepondo nos meios de comunicação sem poderem contestar, é o que predomina.  

O sentimento de impotência é demolidor do espírito humano. O pior de seus efeitos colaterais é similar à eminente Síndrome de Estocolmo, em que o cativo acaba estabelecendo uma submissão amistosa com seu carcereiro. As pessoas, sob determinadas condições de inferioridade, tendem a se submeter à "inevitabilidade" do cativeiro. Isso se reproduz na situação de impotência da sociedade diante do que faz a mídia.  

Ontem li um artigo excelente no Observatório da Imprensa que trata da novela das oito da Globo. Eu já havia assistido alguns capítulos, pois me interessa muito o uso que a emissora faz das telenovelas para vender suas teorias político-ideológicas. Na trama, um jovem universitário negro que reclama de racismo é apresentado como um agitador irresponsável e mau-caráter, enquanto a reitora endinheirada da universidade é apresentada como uma heroína. E mais: ricos brancos cariocas vivem freqüentando uma favela. Negros pobres e brancos ricos convivem em perfeita harmonia. Estudam juntos, freqüentam os mesmos lugares e quem fala de racismo é apresentado como vilão. 

 Demorou muito para alguém escrever sobre esse absurdo - e eu mesmo, que já tinha idéia de escrever sobre o assunto, acomodei-me.. O fato é que as pessoas estão aprendendo a conviver com o que a mídia faz. Tirando algumas milhares de pessoas que vêm à internet para desabafar e buscam acreditar que estão conseguindo influir em alguma coisa, a maioria absoluta já se entregou faz tempo à mídia.  

A ilusão que o apoio a Lula gera é a de que a mídia está sendo derrotada. E, na verdade, está. Mas não é por Lula ou pela esquerda, mas pela boa administração do país pelo governo do ex-operário. Não canso de dizer que Lula só se mantém forte politicamente porque seu governo é bom - e só por isso. O brasileiro não quer mais promessas, quer ver acontecer a realização dessas promessas.  

Temo que, se até 2010 não conseguirmos acordar a sociedade para o perigo da mídia, esta conseguirá colocar quem quiser no poder, ou seja, José Serra, o PSDB e o PFL, que tratarão de interromper o processo redistributivo de renda que está em curso no país. No médio prazo, um novo governo tucano poderá gerar, aí sim, um grave conflito social, uma luta de classes exacerbada, que primeiro se traduzirá por nova onda de aumento da violência e da criminalidade como a que houve durante a era FHC.  

Mas o que alenta é um núcleo de pessoas sempre dispostas a ir à luta e que percebem tudo isso que estou dizendo. O que temos que fazer, agora, é transformar esse núcleo em disseminador da contrariedade com a acomodação e com o imobilismo. Se cada um de vocês engajados se incumbir de convencer mais dois, mais três a tomarem atitudes, em vez de crescermos em progressão aritmética cresceremos em progressão geométrica.  

Não temos pressa. Temos tempo até 2010. Vamos caminhando, e sempre combatendo a Síndrome de Estocolmo.

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