A direita abriu o jogo: o queremismo está na mesa. Por Luiz Eduardo Soares |
Comportamento | |||
Seg, 20 de Setembro de 2021 04:54 | |||
Confesso, com o estômago embrulhado, que nunca me senti tão mal reconhecendo erros meus quanto, agora, ao reconhecer meu acerto. No dia 20 de maio, em artigo publicado pelo GGN, comentei a subestimação midiática dos atos contra o governo, ocorridos na véspera: “Enquanto o povo vai às ruas, as elites se recolhem, planejando seus lances, e começam, tudo indica, a examinar a hipótese QUEREMISTA: Pós-Bolsonaro com Bolsonaro. Está ficando claro pela sequência de pesquisas que uma candidatura viável não se inventa e que a única opção minimamente competitiva à direita contra Lula será mesmo o garimpeiro genocida do Planalto. No jantar em São Paulo, homenageando a intervenção de Temer que devolveu o impeachment à estaca zero, os digníssimos comensais confundiram terceira via com terceira idade. A ceia dos barões cavilosos que riem está condenada a varar noites e dias. Sem sabê-lo, protagonizaram o ágape em looping de Buñel: O Anjo Exterminador. Se procuravam o tertius, beberão para sempre, o banquete não terá fim. Compreendendo tudo isso e pragmáticos como são, porta-vozes da elite já ensaiam o desembarque do desembarque do bolsonarismo e começam a preparar o recuo do recuo, sugerindo que talvez o fascista não seja tão ruim assim, talvez os militares a seu lado só queiram o bem da pátria, talvez tudo não passe de um mal-entendido, nada que não possa ser esquecido e superado em nome do futuro do país. Diga na ONU alguma coisa que justifique nossa mudança, para que a possamos atribuir à sua elogiável metamorfose, e nos permita levar adiante o projeto queremista. O próximo passo seria centrar fogo em Lula, mostrar que sua eventual eleição significaria um desastre econômico: o país cairia prostrado na estagflação, haveria desemprego e aumento da miséria. Já imaginaram um futuro assim ameaçador? Creiam: não há limites para o cinismo, quando se trata de manter privilégios de classe e a alma já foi negociada há décadas, na era em que as virtudes estavam em alta no mercado de pecados capitais.
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