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Lembremos os nossos 13 anos de democracia utópica. Por Gustavo Conde
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Cidadania
Qui, 24 de Maio de 2018 06:54

Gustavo_CondeA prisão de Lula provocou grandes mudanças no regime de sentidos que opera na mídia tradicional. Enquanto Lula foi preso, a imprensa se libertou. Ela se libertou da obrigação de massacrar Lula 24 horas por dia. Como Lula ocupava quase a totalidade matérias do jornalismo político, criou-se um vácuo.

Esse vácuo é ocupado agora, em parte, pela clássica pauta de crítica ao poder, função primeira do jornalismo que costuma se perder no frenesi da publicidade oficial.

Eu poderia dizer que o PT errou em não concentrar a suculenta receita publicitária que tinha em suas mãos para domesticar o jornalismo e, consequentemente, para se perpetuar no poder. Mas aí seu estaria sendo o falso esquerdista arrependido e sufocado no próprio ressentimento que restou na periferia do colunismo de grife.

O PT ser massacrado pela imprensa desde sempre é a comprovação de sua opção pela democracia, não pelo poder pura e simplesmente. Poucos entendem isso, poucos se dão ao trabalho de tentar entender isso. Mas a opinião, afinal, deveria ser baseada também em fatos - e o fato concreto é que o PT não quis comprar a imprensa como seus antecessores.

O PT mexeu nesse vespeiro e ganhou a notória fobia dos canais de comunicação e de parte considerável de seus funcionários, jornalistas trabalhadores, que têm o seu salário obviamente vinculado à receita global da empresa de mídia. Daí a começar a demonizar o governo que retém verbas publicitárias para investir em infra-estrutura é um passo elementar. Como diria a mais batida das citações pseudo-inteligentes, “é a economia, estúpido!”.

Admira realmente que esse período tenha durado 13 anos. Nós vivemos uma utopia que jamais será repetida. Foi um tempo em que o conceito abstrato e difuso de democracia valeu como nunca antes na história dos países soberanos mergulhados na desigualdade e no viralatismo. É sem precedentes.

A imprensa nesse período foi obrigada a lidar com uma pauta indigesta ao seu regime semântico: a pauta do nacionalismo e do crescimento. Jornalista detesta crescimento, detesta boa notícia. Foi difícil e eu sei que vocês lembram.

Fez a contragosto e diante de uma imensa dificuldade em produzir catástrofes sedutoras. As tragédias da TAM e da Gol àquele momento foram as pautas redentoras – lamentavelmente - para um jornalismo que batia cabeça atrás de notícia.

A imprensa, nesse período de explosão democrática, agonizou conceitual e financeiramente, pois a publicidade dos governos Lula e Dilma foram capilarizadas para todo o país (para todos os pequenos veículos independentes espalhados pelo território nacional e também para as mídias alternativas).

Essa realidade hostil ao pensamento colonizado da nossa imprensa só foi arrefecida com o parto de uma bestialidade político-jornalística: o mensalão. A partir dali, a fantasia voltou a dar as cartas (e o leitor adora uma fantasia).

A imprensa tradicional, portanto, meus caros leitores do 247, estava “presa” nessa máquina de linchamento desde 2005 e, finalmente após seu fetiche doentio ser realizado – a prisão de Lula – ela pode se libertar e voltar a cobrir alguns fenômenos verdadeiramente factuais do nosso horizonte político.

Exemplos: ela começa a prospectar pela primeira vez na sua história a corrupção da nossa elite político-financeira: o PSDB. Isso é inédito. Ela começa mesmo a provocar essas vacas sagradas da nossa justiça política, com muita narrativa transversa e adjetivos sutis.

O dinheiro do PSDB também mingou - vamos dizer assim para sermos educados - porque o país entrou em convulsão econômica. Por que vocês acham que Geraldo Alckmin afunda cada vez mais nas pesquisas? O arrego acabou – e como diz o Capitão Fábio em Tropa de Elite, quando acaba o arrego, acaba o amor.

Em tempo: Lula foi craque até nisso. Sabia que sua prisão iria embolar todo o meio de campo aqui fora. De lá, ele assiste a tudo protegido (não pode mais ser preso: já está; isso pertence às sutilezas semânticas das narrativas em processo), pronto para voltar e tumultuar tudo de novo, seja como uma ideia, seja como presidente eleito, seja como Nobel da Paz, seja como o cabra iluminado que é.

RICARDO STUCKERT

Gustavo Conde é linguista, colunista do 247 e apresentador do Programa Pocket Show da Resistência Democrática pela TV 247

Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/pt/colunistas/gustavoconde/355714/Lembremos-os-nossos-13-anos-de-democracia-ut%C3%B3pica.htm

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