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Fernando Haddad, o pacificador, por Fábio de Oliveira Ribeiro
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Cidadania
Seg, 24 de Setembro de 2018 03:51

FABIO_DE_OLIVEIRA_RIBEIROA eleição presidencial brasileira está mais ou menos definida. Se não derrotar Jair Bolsonaro no primeiro turno, Fernando Haddad será eleito com uma larga vantagem no segundo.

As virtudes dele serão muitas: calma, experiência administrativa, pensamento prospectivo e de longo prazo, gentileza, firmeza e facilidade para construir consensos em situações adversas. Comparado ao seu rival, o candidato do PT reluz como uma folha de ouro ao lado de um pedaço de papel higiênico usado.

Os problemas que Haddad enfrentará na presidência do Brasil não são qualitativamente diferentes daqueles que ele enfrentou em São Paulo. Quando foi prefeito da maior cidade do país, o futuro presidente petista também foi sacaneado por uma oposição destrutiva no Legislativo e sabotado pelo Judiciário. Apesar das dificuldades que foram artificialmente criadas para ofuscar seu desempenho, Haddad não perdeu a cabeça e o bom humor. Ninguém pode dizer que ele tenha deixado a prefeitura em situação pior do que a encontrou.

A prefeitura de São Paulo, entretanto, não é nenhum pouco parecida com a União. O prefeito representa a cidade. Em razão do cargo, ele é obrigado a se relacionar com autoridades dentro e fora dela. Mas sua competência fora do país é inexistente. O presidente da república, por sua vez, tem que se relacionar tanto com autoridades dentro do país quanto com as autoridades de outros países e organismos internacionais. Vem daí a necessidade de tecer algumas considerações sobre o contexto internacional que Haddad encontrará ao se mudar para o Palácio do Planalto.

O governo Michel Temer foi absolutamente desastroso para a política externa do Brasil. Tudo o que havia sido feito pelo Itamaraty nas últimas duas décadas foi destruído. A integração regional está ameaçada. As relações diplomáticas com os países da América do Sul está abalada. A credibilidade do país na ONU foi abalada em razão das declarações inapropriadas e estúpidas de Aloysio Nunes. A presença do Brasil nos organismos multilaterais se tornou irrelevante e menosprezada.

Todos os problemas criados pelo (des)governo do usurpador, contudo, podem ser contornados. A legitimidade que ele não tinha o novo presidente terá. Haddad certamente não escolherá um alcoólatra cretino, grosseiro e virulento para comandar o Itamaraty. Na arena internacional, o jogo que está sendo jogado pelas grandes potências ignorando completamente o Brasil é diferente daquele que havia nos governos Lula e Dilma.

Donald Trump enfraqueceu os organismos multilaterais e passou a hostilizar de maneira aberta tanto a China quanto a Rússia. Ele comanda uma potência em declínio, mas age como se pudesse recuperar a hegemonia mundial e o prestígio internacional do seu país fazendo chantagens e ameaças. Sempre que tem oportunidade, o novo presidente dos EUA humilha os governantes europeus. Quando não é atendido ele cruza os braços como se fosse uma criança que deixou de ganhar um pirulito. Nem mesmo na Inglaterra ele é levado a sério ou muito respeitado.

O clima de nova guerra fria criado por Donald Trump tem esquentado em razão da obsessão norte-americana de tentar cercar a Rússia de bases militares e de tentar decidir os rumos da Síria. A advertência que ele fez à China para parar de comprar armamento russo é patética, pois todo mundo sabe que os norte-americanos nunca venderiam equipamentos militares sofisticados aos chineses.

Atemorizados, os comandantes militares norte-americanos passaram a defender a tese de que podem descumprir uma ordem presidencial autorizando o uso de armas nucleares. Eles sabem que uma retaliação equivalente exterminaria dezenas de cidades dos EUA e comprometeria a vida humana em todas as outras. Apesar do aparente bom senso dos militares gringos nunca é demais recordar as palavras de Gore Vidal:

“Os rapazes que vão para West Point hoje em dia fazem-no por diversas razões, nenhuma associada ao aprendizado. Por exemplo, há o apelo romântico da Long Gray Line. Há o apelo confortável de uma vida em que todas as decisões importantes são tomadas por outros. Há o atrativo especial da aposentadoria cedo – sem falar na possibilidade de transferência para os escalões mais altos das empresas que realizam transações com o Pentágono. Basta ingressar na escala volante; quem entra em Wet Point terá o sentimento do dever cumprido, da honra mantida e da pátria servida. E também do ‘eu’ servido, é claro. É um pacote irresistível. Mesmo assim, há pouco tempo um instrutor da Academia (anônimo) comentou: ‘Os cadetes de West Point são de quinta categoria’. A resposta a essa observação tem de ser: são de quinta categoria porque isso é tudo o que o sistema exige deles. Como não são diferentes dos outros rapazes americanos da mesma idade, seu torpor intelectual resulta de um sistema que exige lealdade e obediência acima de tudo – duas qualidades que florescem com grande exuberância entre os ignorantes; e que nos fanáticos adquirem características extremamente perigosas.” (De Fato e de Ficção – ensaios contra a corrente, Gore Vidal, Companhia das Letras, São Paulo, 1987, p. 259/260)

Os militares dos EUA descartaram a hipótese de usar bombas nucleares, mas como o próprio Donald Trump eles parecem acreditar que uma guerra convencional contra Rússia e/ou a China será inevitável. Essa crença só pode ser fruto de uma ignorância exuberante ou de um fanatismo extremamente perigoso.

A guerra é um fenômeno imprevisível. Ela sempre começa antes do primeiro tiro. Um conflito diplomático não resolvido de maneira negociada tende a evoluir das ameaças para as agressões e destas para agressões cada vez maiores. Depois que a guerra começa, raramente os inimigos deixam de usar todos os meios de violência que estão à sua disposição. Na maioria das vezes – e a história tem provado isso de maneira inquestionável – dois ou mais países em guerra passam inclusive a se esforçar para desenvolver armas novas e cada vez mais terríveis para destruir o inimigo acreditando que ao fazer isso poderão se proteger.

Se os cretinos e fanáticos treinados em Wet Point começarem uma nova guerra mundial ela será a última. Vem daí a importância do Brasil ter um presidente tranquilo e pacífico como Fernando Haddad. Ao adentrar na arena internacional cercado de diplomatas experientes e não belicosos, nosso novo presidente poderá não só recuperar a credibilidade do Brasil como também desmobilizar os corações e mentes dos poderosos do hemisfério norte. A guerra não é inevitável, mas se Jair Bolsonaro for eleito ela certamente ocorrerá e chegará aos nossos quintais.

Artigo publicado originalmente em https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/fernando-haddad-o-pacificador-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

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