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Que tal ficar sem governo de uma vez? De repente, as coisas melhoram. Por Ricardo Kotscho
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Cidadania
Seg, 16 de Setembro de 2019 05:27

ricardo-kotschoDe repente, até o ar ficou mais respirável, já repararam? Outros assuntos entraram na pauta e ninguém sentiu a ausência de governo.

Com o titular no hospital e o reserva caladinho, a vida seguiu seu rumo.

Os aviões continuaram decolando e aterrissando, as marés subindo e descendo, os bares lotando no final da tarde.

De repente, até a Globo, o STF e a PGR, além da sociedade civil, como num movimento sincronizado, saíram em defesa da democracia ameaçada.

Por que não fazemos essa experiência: que tal ficar sem governo de uma vez?

Não custa tentar.

A licença médica do capitão poderia ser prorrogada por tempo indeterminado e o vice general não precisaria nem assumir.

O Palácio do Planalto poderia ser aberto à visitação pública como uma atração turística de Brasília dos tempos em que havia governo.

Sem presidente, os ministros e sua multidão de aspones poderiam ser dispensados e seus gabinetes transformados em salas de aula e de pesquisa.

No gramado da Esplanada dos Ministérios, poderiam ser plantados campos de futebol e outros esportes, com quiosques nas calçadas para pique-niques.

E se, de repente, o PIB começasse a subir e o desemprego a cair?

Nós nunca fizemos essa experiência.

Sem Executivo, o Congresso também seria dispensável. Já pensaram quantas escolas caberiam naquele latifúndio do Senado e da Câmara?

Com a economia que será feita sem ministros nem parlamentares, sobraria dinheiro para bolsas de estudo, universidades e hospitais.

De repente, perderia a graça o Fla-Flu nas redes sociais, pois todos estariam torcendo para o mesmo time do Brasil sem governo.

Em compensação, ninguém mais poderia colocar a culpa no governo por todas as nossas desgraças.

A imprensa poderia voltar a fazer reportagens sobre a vida real dos brasileiros, mostrando o que eles são capazes de fazer se não tiver governo para atrapalhar.

Nada impedirá que o presidente continue tuitando e blasfemando contra a imprensa, desde que não assine mais nenhum decreto.

O vice estaria liberado para andar a cavalo o dia inteiro, sem o incômodo de ser seguido por um batalhão de seguranças, que também seriam dispensados.

Não passaríamos mais vergonha na ONU e nos fóruns internacionais, já que o país seria representado por profissionais de excelência em cada área.

De repente, vejam quanta coisa boa poderia acontecer.

Poderíamos até pagar menos impostos sem ter que sustentar as guildas de militares, juízes, promotores, procuradores, desembargadores, parlamentares e afins, com todos os seus penduricalhos e a vasta criadagem.

Se todo mundo se comportar direito, não precisaríamos de nada disso. Bastaria cada um cuidar do próprio rabo e cumprir as leis.

Policiais poderiam servir de guias para turistas, cuidadores de idosos e zelar pela proteção do meio ambiente.

Não precisariam usar armas, já que elas seriam proibidas em todo o país.

Todo o nosso equipamento bélico poderia ser vendido como sucata para investir em educação e saúde.

Pagando menos impostos, os empresários criariam fundações destinadas a cuidar de obras sociais e culturais e da defesa do meio ambiente, como acontece nos países civilizados.

De repente, o Brasil poderia virar um paraíso, que atrairia milhões de turistas do mundo inteiro interessados em saber como se pode viver sem governo.

Com os dólares e euros despejados aqui, não faltaria mais dinheiro para alimentar e dar um teto aos miseráveis que vagam pelas ruas das grandes cidades.

Sem governo, Brasília poderia voltar a ser uma cidade habitável e se tornar um patrimônio histórico da humanidade, a primeira capital do mundo em que ninguém mais seria chamado de excelência.

De repente, poderíamos voltar a ser respeitados pelos outros países e servir de exemplo para eles.

Seriam infinitas as possibilidades de vivermos num país mais justo e solidário, sem ter que ir para Lisboa ou Miami.

Se tudo der errado, poderíamos dizer que pelo menos tentamos sair deste inferno a que fomos condenados em outubro do ano passado.

Só não podemos perder a esperança de dias melhores aqui mesmo, algum dia.

Bom final de semana.

Vida que segue.

Artigo publicado originalmente no Balaio do Kotscho

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