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Militares criaram um problemaço: não podem mais desembarcar. Por Gilberto Maringoni
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Cidadania
Dom, 11 de Julho de 2021 21:29

Gilberto_Maringoni2A semana termina muito mal para Bolsonaro, com a saraivada de notícias que recebeu da realidade, pautada agora pelo andar da carruagem da CPI.

A descoberta de duas quadrilhas concorrentes na saúde - uma do centrão e outra dos militares - torna a coalizão governamental quase inadmistrável. E sua imagem derrete, segundo as pesquisas.


O presidente não tem a menor condição de arbitrar essa briga de gangues, ambas pilastras estruturais de sua gestão. Se optar por um lado, perde outro. E o centrão dá mostras de ter começado a trincar, por obra e graça da provocação montada pelas Forças Armadas contra o Senado. A reação de Rodrigo Pacheco, na sexta, é prova viva do imbróglio. É coisa que contrasta com o capachismo ainda esperto de Arthur Lira.


As Forças se meteram em camisa de onze varas. Não há notícias de uma desmoralização tão corrosiva como a enfrentada nesses dias.


A nota de quarta e a caricata entrevista do chefe da Força Aérea ao Globo, na sexta, apenas coroam a perigosa opção feita pela mais destrambelhada cúpula fardada da República. E olhem que a concorrência é acirrada.


Se a partidarizaçao dos quartéis já era pedra cantada desde o tuíte do general Vilas Boas, há três anos, a entrada de seis mil militares no governo desmontou a idéia da farda como instituição de Estado. A condescendência do alto comando com a indisciplina do general Pazuello e o segredo de cem anos dos autos de seu processo levou os oficiais a uma viagem sem volta ao perigoso terreno da galhofa, imortal expressão de Stanislaw Ponte Preta.


Os militares criaram um problemaço institucional. Queimaram pontes e navios com a sociedade e não têm como e nem por onde desembarcar do governo. As FFAA deixaram de ser uma instituição e se tornaram um bando - por não seguirem disciplina alguma - a soldo de um governo rejeitado pela sociedade.


Nos estertores da ditadura, elas tiveram problema semelhante. Por serem governo, também não tinham como desembarcar. A partir da queda da ditadura, viveram um desgaste de três décadas. Só recuperaram prestígio político quando designados para a absurda missão ao Haiti, em 2004.


Pensemos no dia seguinte do bolsonarismo.  Como gente que despreza e ameaça explicitamente a democracia poderá conviver com um governo democrático? Como poderão voltar a ser uma instituição de Estado depois dos arreganhos da semana? Como gente que alega ter uma moral inquebrantável conviverá com a percepção de que não passa de uma malta de larápios rastaquera?


O tuite de Felipe Neto ao comandante da FAB - "Vai ameaçar a puta que o pariu, babaca" - é a resposta direta ao grosseiro recado de Vilas Boas ao STF. É mil vezes mais educado do que a chantagem que levou a maioria de seus ministros a se borrar nas calças.


Militares hábeis criam situações de avanço e recuo medindo a realidade, o terreno, o contingente inimigo, seu próprio efetivo e o timing da tomada de decisões.


Sempre me lembro da magistral descrição da batalha de Austerlitz feita por Tolstoi em "Guerra e paz". Por quase cem páginas, ele narra como Napoleão enfrentou em 1805 dois exércitos associados - o austríaco e o russo - com inferioridade de forças, mas com uso do elemento surpresa elevado à categoria de arte. Não lançou nota de ameaça, mas foi às vias de fato. Tolstoi estudou detalhadamente as condições do enfrentamento e passou dias no local, cinquenta anos depois, para compreender o que se passara.


Os altos oficiais brasileiros, dois séculos mais tarde, não conseguem entender sequer a direção do vento. Filhotes de Sylvio Frota, expoente da linha dura do regime ditatorial, perderam o calendário. Pensam estar em 1964 e arrotam uma força que não têm.


A hora do desembarque da nau bolsonarista passou. Seguramente tentarão radicalizar o tom da mazorca nas próximas semanas. Ameaçarão, rosnarão e falarão grosso. Mas não conseguirão esconder a opção feita. Trocaram de livre e espontânea vontade o slogan "Braço forte, mão amiga" por "Caguei". A conta a ser paga será alta.


Como sempre repete meu amigo Cid Benjamin, citando provérbio chileno, "Del ridículo no hay vuelta".

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

 

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