O novo quadro político brasileiro por Luis Nassif |
Meio Ambiente & Sustentabilidade | |||
Qui, 12 de Agosto de 2010 09:46 | |||
Como será a oposição após as eleições?
Tenho escrito algumas vezes sobre o tema. De imediato, sobressaem duas linhas nítidas.
Uma, a do confronto, a tentativa de desestabilização do próximo governo, já
que Lula não estará à frente do Executivo. Essa tendência é nítida no
comando atual do PSDB, a partir da ala paulista de José Serra e Fernando
Henrique Cardoso, em aliança com alguns grandes órgãos de mídia. A tendência será explorar a simpatia do governo com países como Venezuela, Bolívia e Cuba. FHC é suficientemente preparado para separar ação diplomática de política interna. Mas suficientemente esperto para utilizar a arma que lhe foi oferecida. A outra tendência, a partir de Minas Gerais, será a de iniciar vida nova, desenhar uma nova oposição, que identifique vícios reais da situação e comece a construir propostas alternativas. Mas sempre dentro de um clima de boa vontade, sem tentativas de botar gasolina na fogueira. O pacto de Minas, de 2006 - que juntou Aécio Neves e o prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel - é o primeiro ensaio desse novo modelo. Ontem, em sabatina na UOL, o candidato de Aécio ao governo de Minas, Antonio Anastasia, enfatizou esse ponto. Disse claramente que a nova opinião pública está pouco se lixando para o que aconteceu quarenta anos atrás. E que ele é melhor do que o candidato do governo Hélio Costa no quesito gestão pública - o que interessa efetivamente ao eleitor. Esse novo modelo político será reforçado com a eleição de Geraldo Alckmin para governador de São Paulo. Ao contrário de Serra, Alckmin não cultiva o confronto. Sabe que, em um ambiente federativo, existe a hora de disputar e a hora dos pactos construtivos. Cientista político e especialista em pesquisas, o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, acredita que o modelo político brasileiro poderá se definir por duas linhas distintas. Uma, a da social democracia alemã, na qual dois partidos próximos do centro disputam o eleitorado, mas sem grandes alterações nas grandes linhas políticas. A segunda alternativa é a italiana, na qual a política, de tão anacrônica, se despregou completamente da sociedade e da economia. É o atraso completo em um país com grandes manchas de modernidade. Nesse quadro, o ex-presidente FHC prestou um enorme desserviço ao país, quando ofereceu ao PSDB o discurso do rancor. O partido abrigava, até então, quadros técnicos de centro-esquerda que refutavam a politização excessiva na vida pública, empresários da economia real, quadros técnicos das universidades. De repente, jogou-se fora esse contingente para se apoiar em um discurso totalmente desfocado da realidade, em que entram atores dos mais improváveis possíveis. Qual a relevância de um Evo Morales, de um Hugo Chávez para a vida política e econômica nacional? O grande desafio das novas lideranças será descontaminar o partido desse ódio e apresentar propostas e resultados claros em suas gestões, para se tornar alternativa de poder em futuras eleições. Artigo publicado em www.luisnassif.com.br
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |