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Políticas Compensatórias e Falta de Caráter por Fernando Conceição
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Meio Ambiente & Sustentabilidade
Ter, 09 de Setembro de 2008 10:23
Risível o artigo de Antonio Riserio publicado em A Tarde (5/09/2008, pág.3). Querendo vender o seu peixe, isto é, um livro que diz ter traduzido, se mete a querer dar lições de moral à ?esquerda?, se colocando como um de ?nós?. Hamlet, de Shakespeare, vem a calhar. Não apenas no famoso ?ser ou não ser?. Mas na passagem inicial em que, refletindo sobre a confusão dos espíritos (o seu, incusive) e da grande tarefa a que se propõe, constata que o mundo está fora de ordem.

Pois que Riserio quer que acreditemos serem ele e o autor que traduziu, o americanófilo e atual ministro lulista Roberto Mangabeira Unger, porta-vozes de um receituário político que eles conceituam de esquerdista, acima e além do que propõem ?os autodeclarados progressistas? com suas políticas compensatórias para os socialmente desfavorecidos nas sociedades capitalistas do mundo moderno.

A cantilena de Mangabeira Unger é pré-vitoriana, de uma era cujo expoente mais significativo é de meados dos anos 1700, Edmund Burke. A desigualdade entre os homens (por extensão, as sociedades) é natural.  
Não compete ao Estado ou a nenhum organismo intervir, de forma planejada, em socorro dos grupos socialmente pobres. O resultado de políticas compensatórias será inócuo, quando não ameace a coesão da sociedade, assentada na tradição das instituições fundadoras do ?contrato social?.

Burke, paradoxalmente um progressista-conservador ? o médico e o monstro podem viver no mesmo corpo -, diferentemente de Mangabeira Unger, ao menos era sincero nos seus pronunciamentos e parecia ter melhor humor no que escrevia.
Esse Unger, apresentado por Riserio como tendo ?coragem de pensar?, é o mesmo que até recentemente esteve faturando alguns milhões de dólares como representante dos interesses do banqueiro e especulador Daniel Dantas nos Estados Unidos, onde atuava como professor de Harvard.

Nada anormal, se o trabalho remunerado pelo sócio-mor da Brasil-Telecom, associado ao Citi Bank norte-americano, não envolvesse o jogo-sujo de espionagem usando agências de informação e contra-informação particulares (Kroll) ou de governos, no qual mesmo ministros de Estados soberanos como o Brasil (a exemplo de Luís
Gushiken) foram vitimados. (Parece que o Citi Bank não participou dessa manobra irrregular).

Nada anormal se, ao ser indicado para o ministério de Lula pelo PR ? o partido com forte base na Igreja Universal do Reino de Deus, ao qual se filiou apressadamente depois de aventuras no PPS e no PDT -, Mangabeira Unger abrisse mão daquela assessoria a Daniel Dantas. Não largou o osso (o milhão de dólares acrescidos ao seu salário de Harvard), algo que somente admitiu fazer muitos meses depois. A posteriori, quando a Polícia Federal vazou o seu contrato de serviçal de Dantas, culpou a ?burocracia? legal, por não ter conseguido dar ?baixa? no contrato.

Em pouco menos de uma década, quando passou a assinar uma coluna semanal na página 2 da Folha de S. Paulo, também remunerada, Unger mudou de casaca toda vez que o oportunismo lhe recomendava. Como, agora, acreditar no seu receituário para a esquerda, traduzido à guisa de ?um serviço devocional? por Riserio, que ao assim apresentar o seu trabalho trai a sua falsa modéstia?

Unger foi um brizolista devoto, parecendo na ocasião que matava e morria por Leonel. Depois mudou de lado para supostamente ?construir a alternativa Ciro Gomes? (época em que ofereceu um estágio a este na sua universidade), que foi vendido como uma espécie de salvador da pátria na campanha presidencial de 2001-2002.

Assinou memoráveis e raivosos artigos (e deve ter feito muitas palestras idem) contra o PT e o presidente Lula, cujo governo qualificou de ?o mais corrupto? e ?ladrão? de ?toda a história? do Brasil. E nesse mesmo tom ingressou com processo na Justiça contra o Estado brasileiro, exigindo reparação (ou compensação) por supostos prejuízos milionários a que se diz ter direito em seus negócios.

Deve ser dito, aliás, que as diatribes anti-lulistas de Unger e esses seus movimentos nas esferas dos ?big players?, atuando nas sombras, foram os fatores que fizeram Lula retardar ao máximo a sua nomeação à Esplanada dos Ministérios. O que somente ocorreu quando ele, Unger, cuidou de se retratar pubicamente, assim como pubicamente beijar a mão do Principe, apadrinhado que fora pelo vice-presidente José Alencar.

Ora, a quem Riserio e os seus querem enganar? Somente aos que têm pouca memória histórica. Nem Riserio nem os que ele cita em seu artigo como parceiros da empreitada na tradução do livro de Mangabeira Unger têm nada a dizer de sério sobre políticas compensatórias para os menos favorecidos socialmente. Ele e o jornalista João Santana, que lhe apresentou a versão em inglês da cartilha para trouxas de Unger, construíram parte de sua carreira servindo a um dos projetos políticos mais prejudiciais à população soteropolitana de todos os estratos sociais.

Onde está, por exemplo, o ?moderno trem urbano de Salvador?, que ajudaram a propagandear e para cuja obra se tomou milhões de dólares até em empréstimos internacionais? O que dizer do desfuncional monstrengo de vidro que se tornou a sede da Prefeitura do município desde a catástrofe (para os munícipes) que foi a administração política por eles servida, herdeira do carlismo mais abjeto? Como classificar, senão de sarcófago, o terminal de ônibus chamado Estação da Lapa, um poço sem fundo de perda de dinheiro mas caixa certo para empreiteiros assim beneficiados?

Poderia elencar muito mais, para demonstrar o quanto de farsantes são os ataques dessa trupe às políticas compensatórias em nascedouro no Brasil. Esses reacionários, utilizando uma retórica pretensamente ?responsável?, pretendem desqualificar até mesmo as experiências bem-sucedidas do ?welfare state? das sociais-democracias européias, ou a dos Estados Unidos.

Riserio ultimamente, ecoando falas equivocadas do seu guru Caetano Veloso, está empenhado na cruzada anti-cotas, anti-reparações, anti-compensatórias. Deveria olhar em redor, àqueles que em salários lhe sustentam os vícios, e ou calar-se ou admitir o quanto de hipócrita há em sua pena.

6/09/2008.

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