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Cresce o pânico diante da possível volta de Lula. Por Ribamar Fonseca
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Dando o que Falar
Ter, 17 de Janeiro de 2017 04:19

ribamar_fonseca2À medida que Lula cresce nas preferências do povo para voltar à Presidência da República, conforme atestam as pesquisas, cresce também o pânico dos golpistas. Principais avalistas do golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, em maio do ano passado, os irmãos Marinho aumentaram a pressão sobre o Judiciário – em especial sobre o juiz Sergio Moro, que transformaram em celebridade e agora apresentam a fatura – para condenar logo o ex-presidente petista e impedir que ele concorra de novo ao Palácio do Planalto. Em mais um editorial do jornal "O Globo", eles dizem que se for condenado em algum dos cinco processos movidos contra ele, "e se a sentença for confirmada em segunda instância, não apenas Lula será obrigado a cumprir a pena imediatamente como, também, segundo a lei da Ficha Limpa, ficará inelegível por oito anos".

É gritante o pânico dos Marinho diante da possibilidade do ex-presidente operário voltar ao Planalto. Eles sabem que não conseguirão derrota-lo em eleições diretas e, por isso, estão loucos para que o juiz Sergio Moro o condene e prenda imediatamente porque, como adverte o editorial, "se puder, ele tentará a volta por cima nas urnas". E sugerem que o magistrado de Curitiba aja com mais rapidez, como tem feito em outras sentenças. No editorial, o "Globo" considera ainda "fantasiosa a tese do golpe contra Dilma" e chama de "farsa a perseguição política que Judiciário e Ministério Público moveriam contra Lula". É muito cretinismo. Juristas, intelectuais, artistas e jornalistas do Brasil e do mudo inteiro entenderam que houve efetivamente um golpe em nosso país e, também, observam, estarrecidos e indignados, a perseguição ao ex-presidente operário, mas os Marinho, por motivos óbvios, não veem nada disso. Afinal, eles participaram do golpe e fomentam a perseguição.

Aliás, não apenas os Marinho e os demais controladores da mídia brasileira não viram o golpe e muito menos a perseguição ao líder petista. O Supremo Tribunal Federal também não viu. Eles lembram aquele velho dito popular, segundo o qual "o pior cego é aquele que não quer ver". No caso dos barões da mídia até que se justifica, porque eles têm muitos interesses em jogo, mas quanto ao STF, que razões poderiam ter levado a mais alta corte de Justiça do país a aprovar, por omissão, a derrubada de um governo legitimamente eleito? E a apoiar o governo que se instalou como resultado do golpe? A posição do Supremo não deixa de ser estranha, até porque a maioria dos seus membros foi nomeada pelos governos petistas. Então, por que se omitiu durante todo o processo de impeachment e procrastinou na tomada de decisões sobre matérias de interesse do governo Dilma??

Em recente entrevista à Rede Brasil Atual o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, negou tivesse havido golpe, afirmando que "o que houve foi uma deliberação das duas casas do Congresso". Realmente, mas como inexistiu crime de responsabilidade, a base legal para o impeachment, obviamente houve um golpe parlamentar. O Supremo sabia disso e, como guardião da Constituição, deveria ter impedido a sua violação, mas preferiu procrastinar no julgamento de pedidos de suspensão do processo, até a votação pelo Senado. O fato do impeachment ter sido aprovado pelas duas casas do Congresso, inclusive numa sessão presidida pelo próprio presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, não legitima o processo. Até porque, quando quer, o Supremo tem anulado decisões do Parlamento, inclusive com uma canetada de um único ministro, por considerá-las inconstitucionais.

Não é possível, também, que a Suprema Corte não tenha percebido ainda a perseguição a Lula movida pelo Ministério Público e pela Operação Lava-Jato. É claro que enxerga, já que a venda nos olhos da deusa Temis é apenas simbólica, mas até hoje não fez absolutamente nada para interromper a caçada ao ex-presidente operário, que se viu obrigado a recorrer à ONU por não encontrar justiça no seu próprio país. A perseguição é tão escandalosa que até a imprensa estrangeira consegue vê-la mesmo à distância. O Supremo, porém, finge que não está vendo nada e os perseguidores continuam à vontade para prosseguir em sua tarefa insana, procurando cabelo em ovo e transformando Lula em réu mesmo sem nenhuma prova contra ele. Até o general Sérgio Etchegoyen, ministro do gabinete de Segurança Institucional, considerou "obstrução à justiça", por parte de Lula, a retirada das câmaras de vigilância do Palácio do Planalto. A coisa já virou brincadeira.

O fato é que, com as notícias sobre o próximo lançamento da candidatura de Lula, intensificou-se a movimentação dos golpistas para impedir que o ex-presidente volte ao cenário sucessório. Os editoriais dos jornalões que apoiaram o golpe, pedindo a prisão do líder petista, vão ficar mais frequentes, assim como as manchetes e as reportagens na televisão, de modo a manter acesa a ideia de que o ex-presidente teria algum envolvimento com a corrupção. Afora aquela história ridícula e infantil do sitio de Atibaia e do tríplex do Guarujá, no entanto, até agora não conseguiram inventar nada melhor para incriminar o ex-torneiro mecânico. Mas como hoje não há necessidade de provas, mas apenas de convicções, para condenar alguém, não será difícil encontrar um motivo para prendê-lo. O juiz Sergio Moro é a principal peça desse jogo para o cheque-mate, a não ser que o Supremo Tribunal Federal de repente assuma o seu papel, deixando de ser joguete nas mãos da mídia, e faça, efetivamente, justiça, recuperando o respeito da população. É o que todos esperam, inclusive o próprio Lula.

Foto: Felipe Araújo

Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/colunistas/ribamarfonseca/275354/Cresce-o-p%C3%A2nico-diante-da-poss%C3%ADvel-volta-de-Lula.htm

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