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O Presidente Punk e o Democrata Demente. Por Pepe Escobar
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Dando o que Falar
Sáb, 17 de Outubro de 2020 06:21

Pepe_EscobarO planeta inteiro está estarrecido, horrorizado, chocado e intimidado com o espetáculo de democracia, tal como encenado à sombra do imperialismo messiânico - complementado ainda com uma nauseante carrada de Surpresas de Outubro tipo revólver fumegante.

Aqui nos encontramos em pleno território Frank Underwood. E, como convém à epítome da "sociedade do simulacro" retratada por Baudrillard ainda na frenética década de 1980, todas as semelhanças com o show de luta-livre da Batalha dos Bilionários, obviamente, não são mera coincidência.

Comecemos com as pesquisas de intenção de voto.

Pesquisas de todos os tipos circulam como dervixes rodopiantes por aí. A maioria delas dá destaque a miríades de caminhos para a vitória Democrata e a uma inexorável Estrada do Inferno para Trump. Uma pesquisa do The Economist dá ao "Walking Dead" Joe Biden a espetacular probabilidade de 91% - lembram de Hillary em 2016? - de vitória no Colégio Eleitoral.

Vem surgindo um consenso instigado pelos Democratas de que Trump - implacavelmente pintado como um proto-fascista lunático e perturbado, péssimo para os negócios em qualquer lugar do mundo - irá contestar os resultados em qualquer estado tradicionalmente Republicano em que ele venha a perder por uma pequena margem, como  Arizona, Flórida, Michigan, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.

Mas, na trilha da campanha, a história é totalmente outra. Há sinais de que nos comícios do The Walking Dead há mais gente do ônibus de Biden e repórteres do que eleitores democratas de carne e osso. A campanha Biden-Harris, em uma clara demonstração de sua insuperável competência em Relações Públicas, tratam esses comícios como segredos de campanha.

A estratégia de longo prazo do Time Trump parece ter sido revelada pelo próprio Presidente: "Vamos estar contando votos pelos próximos dois anos (...) Levamos vantagem se voltarmos ao Congresso. Creio que é 26 a 22, ou coisa assim, porque conta-se um voto por estado".

Trump aqui se refere à 12ª Emenda à Constituição: se os eleitores de um estado não chegarem a um consenso quanto a um presidente, a decisão vai para a Câmara. E lá cada um dos 50 estados tem um voto. Imaginem estados pequenos controlados pelo Partido Republicano, como Alaska, Dakota do Norte, Dakota do Sul e Wyoming (cada um deles com um Republicano na Câmara) tendo o mesmo peso que a Califórnia (52 deputados na Câmara, 45 deles Democratas).

Vantagem para Trump: do jeito que as coisas andam, vai ser mesmo 26 a 22, com dois deles -  Pensilvânia e Michigan - praticamente empatados.

Perguntem aos analistas quantitativos

As pesquisas internas do Partido Republicano mostram que embora a campanha Biden-Harris não esteja indo de porta em porta, os voluntários de Trump já atacaram em bando nada menos que 20 milhões de residências nos estados-pêndulo.

Some-se isso a uma nova Pesquisa Gallup que  mostra que 56% dos americanos dizem que estão vivendo melhor agora, com Trump, do que viviam há quatro anos, no governo Obama/Biden. Podem chamar isso de a volta do "É a economia, estúpido".

O Grupo Trafalgar - que acertou o resultado das eleições de 2016 - aposta que Trump terá uma vitória apertada no Colégio Eleitoral, com 275 votos.

O principal analista da JP Morgan, Marko Kolanovic, vem mapeando exaustivamente as mudanças no registro de eleitores para desmentir praticamente todas as pesquisas que apontam para uma vitória de lavada para os Democratas. Isso implica que é perfeitamente possível que Trump acabe vencendo na Santíssima Trindade: Pensilvânia (20 votos), Flórida (29 votos) e Carolina do Norte (15 votos).

E, além de tudo, algo mais exótico que um buraco negro engolindo uma estrela aconteceu nesta semana recheada de Surpresas de Outubro: a CNN decidiu praticar jornalismo de verdade e eviscerou Nancy Pelosi em frente às câmeras.

Isso pode ser um mau agouro para a Presidente na Fila-de-Espera Kamala Harris que, como muito poucos se lembram, foi forjada como a herdeira do eixo Obama-Pelosi em uma reunião secreta realizada nos Hamptons ainda no verão de 2017.

Sigam o dinheiro

Agora vamos Seguir o Dinheiro.

Aí é barbada. Para os Republicanos, o principal homem do cofre é o maquinador de cassinos Sheldon Adelson - que literalmente comprou o Congresso pela bagatela de 150 milhões de dólares. Para os Democratas, é Haim Saban - dono de seu próprio think-tank e a quem Hillary recorre quando precisa de dinheiro. O demente Democrata é, essencialmente, um operador de Saban.

Para tornar as coisas ainda mais fáceis de digerir, tanto Adelson quanto Saban são fanáticos defensores do Israel-acima-de-tudo. Um dissidente dos serviços de inteligência do Beltway resolveu simplificar as coisas: "O testa de ferro da Máfia Sheldon Adelson bancou Trump para garantir Israel, embora Israel fosse a favor de Hillary".

Quatro anos atrás, fontes novaiorquinas com quem eu tinha contato previram o resultado das eleições pelo menos 10 dias antes de elas acontecerem.

Uma dessas fontes, um magnata corporativo de Nova York, íntimo de vários Senhores do Universo que controlam Wall Street, mais uma vez, foi direto na jugular:

"O Deep State manda tanto nos Republicanos quanto nos Democratas. Trump tem que trabalhar dentro do sistema. Ele sabe disso. Sou amigo de Donald e sei que ele quer fazer a coisa certa. Mas ele não está no comando. Certamente que ele quer ser amigo da Rússia e da China. Ele é um homem de negócios. Ele quer fazer negócios com os países, e não lutar contra eles. Nós estávamos entre os que traçaram as grandes linhas da campanha para ele em 2016: pôr fim à manipulação de moedas que vem destruindo as indústrias nacionais, estancar a imigração ilimitada que corrói os salários das classes mais baixas e incentivar uma distensão nas relações com a Rússia e a China. Em grande medida, nada disso aconteceu nos últimos quatro anos".

Um outro player de Nova York acrescenta: "De qualquer forma, Trump faz 90% do que eles querem. É melhor ter um vilão na presidência a quem culpar e deixar os proletas correndo em círculos".

Na frente financeira, algo jamais será admitindo publicamente: Wall Street, embora projetando uma fachada pró-Democrata, na verdade não está interessada numa "lavada" dos democratas, porque isso faria desabar as ações da bolsa em Wall Street. Uma eleição contestada/adiada teria o mesmo efeito - e a Goldman Sachs projeta um cenário de pesadelo, com o S&P desabando para apenas 3.100 pontos.

O secretíssimo cenário preferido de Wall Street, portanto: uma vitória de Trump com mais cortes suculentos nos impostos somados ao sentimento de que a prioridade de Wall Street é que o Fed continue a despejar trilhões de dólares de dinheiro de helicóptero, aconteça o que acontecer. Afinal de contas, a única "política" para valer é que Wall Street transformou o Fed em um fundo hedge.

De sua parte, o que o Time Trump certamente não quer é a Grande Reinicialização - a ser oficialmente lançada na cúpula virtual de Davos, em janeiro de 2021.

E tudo isso ao mesmo tempo em que a Goldman Sachs, mais uma vez, insiste em que a única maneira de "salvar a nação de sua dívida gigantesca e eternamente prestes a explodir é a desvalorização do dólar americano.

Hillary quer um emprego novo

No jogo de sombras - ou no script da Lutalivremania - do embate de Donald Trump contra o Deep State, um outro daqueles players novaiorquinos confirma que "Trump não conseguiu cumprir boa parte de  sua agenda. Isso deixa claro quem é que detém o poder real. O complexo industrial-militar quer que Trump fique porque ele está dando a eles tudo o que eles querem, que é um aumento gigantesco nos gastos militares. Mas Biden se recusa a assumir esse compromisso".

Clapper, Brennan, Comey e Mueller "estavam apenas obedecendo ordens e estão sendo protegidos". Já a hiena belicista e narcisista Hillary Clinton precisa de uma vitória de Biden e Harris principalmente para escapar da cadeia, seguindo-se a um trato "secreto" entre ela e Obama, que a obrigou a reconhecer o ex-presidente como o lider de fato da vasta máquina do DNC (Comitê Nacional Democrata).

Qualquer morador do Beltway dotado de cérebro sabe que o Walking Dead foi escolhido porque ele não se qualifica nem ao menos para capacho. Supondo-se que ele seja eleito presidente, o verdadeiro poder por detrás do trono será o eixo Obama-Pelosi - e os seus suspeitíssimos senhores de sempre. Bem-vindos ao reino da Presidente Kamala.

Hillary, entretanto, não confia no acaso e está dobrando suas apostas e recusando-se a fazer prisioneiros. Ela acaba de divulgar um manifesto de 5.000 palavras que soa como uma candidatura à chefia do Pentágono.

O fato de que, apesar de todos as reviravoltas de enredo, os vetores-chave do Deep State continuam intocáveis deve ser entendido como o proverbial pântano do Distrito de Colúmbia protegendo seu rebanho. Mais que a possibilidade de Trump não ter qualificações para escolher seus subordinados, a versão mais realista seria que não foram dadas a ele opções minimamente decentes: ele, portanto, teve que se haver com Gina "Rainha da Tortura" Haspel,  com o Bigode Bélico de John Bolton, e com Mike "Nós Mentimos, Nós Trapaceamos, Nós Roubamos" Pompeo.

O que nos traz ao Procurador-Geral William Barr - e à pergunta que não quer calar pelos muitos corredores do Beltway: por que razão ninguém foi formalmente acusado do labirinto de tramóias relacionadas ao Deep State, apesar do acúmulo de pilhas de provas.

É simples: Barr é da CIA e faz parte da gangue do velho Papai Bush, tendo sido recrutado ainda no ensino médio, em 1971. Quando Papai Bush se tornou Diretor da CIA, em 1976, Barr ingressou no departamento jurídico da CIA e dali começou sua escalada firme e constante, que culminou em 1991, com sua nomeação para a Chefia da Consultoria Jurídica da Presidência de Bush.

É desnecessário acrescentar que Barr, subsequentemente, destruiu qualquer possibilidade de investigar Bush, Clinton e outros operativos da CIA, desde o BCCI até o roubo do software do PROMIS.

Ninguém se prontificaria a dar declarações oficiais explicando as razões de Trump ter escolhido Barr - ou como o Deep State fez com que isso acontecesse. O fato é que Barr foi nomeado pouco depois da morte de Papai Bush. É pouco provável que o Time Trump tenha "afastado" do pântano o agente da CIA Barr - com ou sem os 33.000 e-mails deletados de Hillary Clinton.

E é isso que faz com que esses players de Nova York apostem que Barr não irá atrás de nenhuma estrela da galáxia Deep State.

Resta entretanto o fato de que a Agência de Segurança Nacional (a NSA) armazenou todos os telefonemas, chats e e-mails possíveis em suas colossais fazendas de servidores. Trump tem o poder de ordenar que tudo seja divulgado - o que ele já fez. Mas, no pé em que andam as coisas, só foram oferecidas aos proletas historinhas sobre espécies animais ameaçadas tipo WWF.

"Voltei", agora turbinado a esteróides

A total balcanização da cultura dos Estados Unidos em containeres de irracionalidade à prova de balas obstrui qualquer possibilidade de debate civilizado. O que resta é uma proliferação infinita de falsos atores, de exércitos de trolls mercenários, de bots, de indignação de massas embalada como barras de chocolate, tudo por pura histeria.

Aconteça o que acontecer, preparem-se, mais adiante, para um grande destruição tipo Kill Bill.

E nessa artilharia cerrada - e não apenas metafórica - entra em cena John Lydon, também conhecido como Johnny Rotten, vocalista lendário dos Sex Pistols e milionário morador da parte chique de Venice Beach, em Los Angeles. Ele vai votar em Trump.

Essa é a consagração máxima do Presidente Punk - embora Trump esteja mais para o Village People ("Young man/ there's no need to feel down") do que para os Sex Pistols em Holidays in the Sunou para os Dead Kennedys em Holiday in Cambodia.

Uma dica para o Presidente Punk na Flórida, "Voltei" agora turbinado a esteróides, comandando como um profissional uma multidão excitada, culminando, ao final, com passos de dança YMCA: "I'll kiss the guys, and the beautiful women..."

Agora, compare-se isso ao "Joe Sonolento" em Ohio, em frente a, bem, ninguém, na verdade: "Estou concorrendo, como um orgulhoso Democrata... ao Senado".

Na semana passada, uma espantosa multidão de oito pessoas deu as caras em um comício Biden-Harris no Arizona.

E a algazarra continua enquanto uma pandemia com uma taxa de letalidade de cerca de 0,14% - segundo estimativa da própria OMS - custou à economia global nada menos que estarrecedores 28 trilhões, pelos cálculos do FMI.

Ah, sim: só vai acabar quando a Britney magrinha cantar "I did it Again"

(Tradução de Patricia Zimbres)


Artigo publicado originalmente no  Strategic Culture

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