As peças apresentadas nesta mostra estabelecem o diálogo entre a tradição e modernidade, quando suscitam usos diversos do pano da costa em novos campos, a exemplo da moda. A excelência do trabalho do mestre Dimas está na riqueza de detalhes, na composição dos fios entrecruzados que dão movimento e beleza aos tecidos em linhas multicoloridas.

De uso preponderantemente feminino, os panos são tecidos com fios de algodão ou de seda em tear manual e tem a função de destacar o papel hierárquico e sacerdotal no candomblé. Com isso, a intervenção artística pode ampliar o significado da forma ritual e litúrgica desses elementos sagrados e os transforma, também, em objetos de apreciação e consumo, conforme salienta Dimas.

A iniciativa partiu de sua preocupação em preservar o ofício ensinado pelas mãos talentosas do Mestre Abdias do Sacramento Nobre, a arte de tecer o Pano da Costa. Dimas partilha o seu saber com antigos e novos aprendizes, construindo redes de agentes multiplicadores comprometidos com a manutenção de saberes tradicionais. O projeto foi patrocinado pelo Fundo de Cultura da Bahia, setorial de economia criativa 2016 - 16/2016.

Ao acolher esse projeto, o MAFRO reafirma a sua missão de visibilizar iniciativas que promovam a preservação do patrimônio material e imaterial de matrizes africanas.