Muriquins sobe ao palco do Espaço Cultural da Barroquinha, espaço importante na trajetória do povo negro de Salvador, para mostrar sua música preta, um trabalho que vem sendo delineado pelo grupo desde 2012. Além do retorno de Zé Livera, responsável pelo baixo na banda, a Muriquins apresenta um repertório autoral, com discurso afiado, abordando temas como raça, gênero e classe.

Em meio a interpretações de clássicos como Brilho de Beleza (Nego Tenga) - que carrega um arranjo ousado, com citações de War (Bob Marley) e A Carne (Marcelo Yuca/Seu Jorge/Wilson Capellette), a banda apresenta temas autorais, tais como É Noiz, Direito ao Respeito, Condenados da Terra, Desfazendo Gênero, O que é que essa nega tem?, Um negro amor, Salto ao pôr-do-sol, dentre outras canções, garantindo momentos de êxtase e reflexão para o público, que, envolvido pelo groove da Muriquins, funde-se à banda, formando um único corpo.

A musicalidade da Muriquins pode ser incluída no rol do que chamam de Música Preta Brasileira, mas com particularidades que só a baianidade permite. Quem quiser curtir um som que agregue reflexão, conceito e muito balanço, Muriquins tem de sobra. E o melhor: num sotaque que é, ao mesmo tempo, local e universal.

Quem sobe ao palco junto com a Muriquins, numa participação especialíssima, é a Transbatukada, um projeto percussivo-artevista de cunho político, formado por pessoas trans, cujo mestre é o cis-aliado Antenor Cardoso. Não percam!