Buscando constantemente formas de se conectar ao tempo e a sociedade em que está inserida, a Orquestra Sinfônica da Bahia reflete sobre as raízes culturais africanas no Brasil ao dar destaque à música do candomblé no concerto em vídeo “OsBATALÁ”, que convida o grupo percussivo Rum Alagbê, um projeto social do Terreiro Mãe Menininha do Gantois e com participações especiais dos cantores Márcia Short e Lazzo Matumbi. Neste projeto, sob a regência de Carlos Prazeres, são interpretados os orikis (cantos em iorubá) “O Fururu Loorere”, “Ajaguna Gbawa”, além de “Carmen”, música em homenagem a atual ialorixá do Terreiro Mãe Menininha. O vídeo vai ao ar no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, às 19h, no canal da OSBA no Youtube
Para Carlos Prazeres, regente titular e diretor artístico da OSBA, possuir uma conexão musical com a sociedade que a cerca é um dos propósitos mais importantes da Sinfônica da Bahia “Sediada na cidade mais negra fora da África, nossa orquestra encontra na parceria com o Gantois uma série de elementos vitais para alimentar essa conexão”, diz o maestro ao se referir a rica troca musical estabelecida no OsBATALÁ entre o universo sinfônico e o universo percussivo do projeto Rum Alagbê, coordenado por Iuri Passos. “A troca nos transporta a um novo e fascinante panorama musical, onde absorvemos a infinita riqueza da música afro e, sendo assim, nos tornamos um organismo mais rico e flexível musicalmente”, explica. Sob o aspecto musical, o maestro ainda destaca a alegria de receber as vozes de Lazzo Matumbi e Márcia Short para o projeto que “nos presenteiam com a força pujante de sua arte”, completa Prazeres.
Para Iuri Passos, idealizador e educador do grupo percussivo e também alabê do terreiro (cargo destinado ao responsável pelos cantos e toques rituais das cerimônias), esta produção com a OSBA é uma oportunidade para que todas as pessoas, independente de religião e do conhecimento acerca dos orixás e do candomblé possa conhecer a riqueza desta música. “É uma grande oportunidade de exaltar a música da nossa religião, que está extremamente ligada ao povo negro neste mês da Consciência Negra”, diz Passos, que foi um dos responsáveis por adaptar os orikis para o universo sinfônico. “Fico feliz que conseguimos unir a música africana, a música do candomblé, com a música erudita de uma forma tão respeitosa, tão autêntica, sem perder a nossa característica de levar nosso timbre dos tambores para o palco junto com a musicalidade da orquestra”, conclui.
Além da regência de Carlos Prazeres e da presença do grupo percussivo Rum Alagbê e dos cantores Márcia Short e Lazzo Matumbi, o “OsBATALÁ” tem participação de Ângela Lopo e Luciana Baraúna nos coros vocais, filhas do Gantois. O arranjo de percussão foi feito por Iuri Passos, o arranjo orquestral de “O Fururu Loorere” é de Bira Marques, o de “Ajaguna Gwaba” do maestro Letieres Leite e “Carmen”, possui arranjo de Jean Marques, também fagotista da OSBA.
OSBA E TERREIRO DO GANTOIS: A relação entre a OSBA e o Terreiro do Gantois começou em 2018, quando do lançamento da Série Mãe Menininha, concertos cuja marca é a sensorialidade, num ambiente que promove a experiência imersiva. Para Fabiana Pimentel, diretora executiva da OSBA, a partir de então, o desejo das duas instituições foi de criar laços mais duradouros e ações permanentes de diálogo. Em 2019, com o lançamento do disco “Obatalá - Uma homenagem à Mãe Carmen” ( Gege Produções Artísticas/Deck) idealizado por quatro filhos do terreiro ( Iuri Passos, Yomar Asogbá, José Maurício Bittencourt e Luciana Baraúna) e integrantes do grupo Ofá, iniciou-se um diálogo com a orquestra no sentido de adaptar algumas músicas do disco para uma versão sinfônica, o que pode ser visto no vídeo-concerto OsBATALÁ, que a orquestra nomeia em referência ao disco e em reverência ao orixá. “O ‘s’ minúsculo, inclusive, representa a orquestra, pequeninos, perante o orixá da criação. O dono de todas as cabeças. Do ponto de vista musical, também se relaciona a nossa intenção, de nos inserirmos neste universo nos somando a essa linguagem com a mínima interferência possível na estrutura original e matricial da música que nos é apresentada”, explica Carlos Prazeres.
A Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), criada em 30 de setembro de 1982, é um corpo artístico do Teatro Castro Alves e que teve seu processo de publicização consolidado em abril de 2017. Desde então, a Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) – entidade sem fins lucrativos qualificada como Organização Social (OS) – realiza a gestão da OSBA, que permanece como corpo artístico público, sendo mantida com recursos diretos do Governo do Estado da Bahia, através da sua Secretaria de Cultura (SecultBA).
SERVIÇO:
OSBA EM CASA #VIRTUAL
OsBATALÁ – OSBA CONVIDA O PROJETO SOCIAL RUM ALAGBÊ DO TERREIRO DE MÃE MENININHA DO GANTOIS
Data e Horário: 20 de novembro, às 19h
Vídeo ao ar no canal da OSBA No Youtube
( www.youtube.com/OSBAOrquestraSinfonicaDaBahia)
Regente: Carlos Prazeres
Cantores convidados: Márcia Short e Lazzo Matumbi
Arranjos de percussão: Iuri Passos
Participação de Ângela Lopo e Luciana Baraúna nos coros vocais
Programa:
O Fururu Loorere – Orixá Oxalá (arr. orquestral Bira Marques), com Márcia Short
Ajaguna Gbawa O – Orixá Oxagiayan (arr. orquestral Letieres Leite), com Lazzo Matumbi
Carmen (arr. orquestral Jean Marques), com Márcia Short e Lazzo Matumbi |