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Quixabeira de Lagoa da Camisa
Sexta-feira 22 Agosto 2014, 21:00

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Sambas-de-roda, chulas, samba martelo, batuques, reisados e cantigas de roda são alguns dos ingredientes que compõem a diversidade musical do sertão baiano e estão muito bem representados pelo Grupo Quixabeira de Lagoa da Camisa.  Reunidos oficialmente desde 1992, os onze membros do Grupo têm como principal objetivo passar para os mais jovens a continuidade das suas manifestações culturais como forma de transmissão e preservação da sua cultura. O Quixabeira está em fase de finalização do seu segundo CD, "Bois, Chulas e Batuques", com previsão de lançamento para novembro de 2014 em Salvador e em 2015 nas cidades do interior baiano e demais capitais brasileiras.

 

Essas linguagens musicais constituem o grande motivo de suas reuniões e parte do seu repertório é de canções que acompanham atividades manuais. Os homens acompanham as vozes femininas com instrumentos de cordas e de percussão, mas também “puxam” alguns dos temas, criados na maioria das vezes pelo próprio grupo. Sua força reside na tradição das manifestações da cultura sertaneja e na performance que evoca as suas raízes.


O Grupo da Quixabeira já participou da peça "Além da Linha D’Água" (protagonizada por Marília Pera, encenada em São Paulo com direção de Ivaldo Bertazzo); Festivais Universitários; Festa da Quixabeira, além de Feiras e eventos no interior da Bahia. O Grupo participou também do projeto "Da Quixabeira pro berço do rio", que resultou no lançamento do disco com o mesmo nome do projeto em 1992. Este trabalho foi relançado em 1994 no formato CD. Em 1998, a TVE (Bahia) produziu o vídeo "Quixabeira: da roça à indústria cultural".


Em dezembro de 2002 o Grupo da Quixabeira fez o show de abertura do IV Mercado Cultural, na Sala Principal do Teatro Castro Alves. O Grupo foi aplaudido de pé pela platéia e retornou ao palco para fazer o bis com a Orquestra Popular de Câmara (SP), criada pelo maestro Benjamin Taubkin. Em 2004 O grupo fez uma apresentação em Brasília, no Palácio do Planalto, durante o lançamento do Programa Seguro Agrícola, evento que contou com a participação do Presidente Lula. Em 2005 foi um dos destaques do troféu Caymmi, quando se apresentou em setembro daquele ano no Teatro Acbeu e gravou seu primeiro CD, "Ô Pandeiro! Ô Viola!".

Em 2006 o Grupo participou do I Encontro Internacional de Negócios Musicais, em Salvador, sendo um dos artistas selecionados para a rodada de negócios e para a apresentação na Praça Tereza Batista, no Pelourinho, no dia 17 de agosto. Em outubro de 2007, o Quixabeira de Lagoa da Camisa se apresentou no Festival de Cultura Popular em Brasília. Em 2008, lançou a segunda prensagem do seu CD e fez turnê de lançamento nas cidades de Alagoinhas, Santo Amaro, Feira de Santana e Salvador, quando lotou o Parque da Cidade. Em 2009 foi um dos premiados no Edital da Caixa Cultural, fazendo apresentações no Rio de Janeiro e em Salvador.

Ainda em 2009, seu produtor, Sandro Santana, foi premiado no Edital Bolsa Funarte de Produção Crítica sobre as Interfaces dos Conteúdos Artísticos e Culturas Populares, com o projeto "Música e Ancestralidade na Quixabeira", cujo produto é o conteúdo de um livro homônimo lançado em 27 de julho de 2012, em Salvador, com distribuição da Edufba e apoio financeiro do Fundo de Cultura do estado da Bahia. O Quixabeira foi selecionada entre mais de mil e trezentos artistas de todo o Brasil para participar do projeto Conexão Vivo e entre mais de 3 mil artistas para apresentação na Feira Música Brasil 2010, em Belo Horizonte, em dezembro deste ano. Em 2010, o Quixabeira teve a música “Tava na Janela” selecionada para o CD “New Brazilian Music vol.2”, produzido pela BM&A voltado para a divulgação da música brasileira na Europa e Estados Unidos. No ano seguinte, a chula “Levanta a poeira” foi incluída na coletânea "Bahia Music Export 2", produzida pela FUNCEB e lançada na Womex 2011, Copenhagen, para divulgação da música baiana no exterior. Em 2012, o Grupo foi uma das atrações do Carnaval do Pelourinho, em Salvador, quando se apresentou na Praça Quincas Berro D’Água e do projeto Conexão Vivo Sala do Coro. Em junho se apresenta  na Sala do Coro do TCA pelo projeto Conexão Vivo, neste mesmo ano o boi de roça “Eu não sou daqui” é incluído na coletânea “Bahia Music Export 3”, pela Funceb e com lançamento prevista para a Womex 2012, na Grécia.Mais um ponto  importante a ser destacado nesse projeto é o fato de que algumas dessas tradições musicais que serão apresentadas se encontram em extinção e podemos dizer que é bem provável que estejamos diante da última geração de cantadores de bois de roça e batuques de milho e feijão, cantos de trabalho que estão desaparecendo da região e como foram passados de geração a geração oralmente, corre sério rico de desaparecimento.

As tradições culturais da Comunidade Lagoa da Camisa estão intimamente ligadas ao universo religioso e ao trabalho no campo. À medida que estas duas instituições do cotidiano rural são fortemente abaladas, as manifestações tradicionais dessa cultura vão se tornando cada vez mais espectral, uma lembrança do passado, cujos arquivos vivos são os remanescentes daquela época, haja vista que a transmissão de saberes e tradições acontecem de forma oral nessa localidade durante a realização desses eventos.

Música e Sociabilidade – Ao longo de décadas a música tem sido um elemento fundamental na vida social dos moradores da Comunidade de Lagoa da Camisa e está presente em todos os momentos, seja no trabalho (boi de roça, boi roubado, batas de milho e feijão), no lúdico (batuques, sambas e cantigas de roda) ou nas festas religiosas (batizados, reisados, rezas de São Cosme e Damião).

A música, o canto, a dança, o acompanhamento com as palmas da mão atuam como processo de significação social que geram estruturas simbólicas que vão além dos aspectos sonoros. As canções fazem parte da experiência cotidiana e surgem a partir da relação com o meio físico, com a comunidade e com o mundo. Essas manifestações, cada uma a seu modo e dentro do contexto onde é exercitada, apresenta uma concepção de mundo, uma forma de organização da relação dos membros da comunidade com o seu sítio simbólico de pertencimento e com sua ancestralidade.

Na Comunidade de Lagoa da Camisa existe um calendário segundo o samba, que hoje é mais uma lembrança na memória dos mais velhos e não reverbera nas gerações mais recentes, que até desconhecem a sua existência. Segundo esse calendário, o ano começa no mês de setembro, período em que tem início as rezas em celebração a São Cosme, que se estendem até o mês de dezembro. Entre os meses de janeiro e fevereiro ocorrem as Festas de Reis; março, abril e maio os Bois de Roça, pois, trata-se do período de plantio do milho, amendoim, feijão e mandioca. Junho é o momento dos festejos juninos, além das batas de milho e feijão. Julho é o mês da celebração de Nossa Senhora Santana. Agosto é mês de “descanso”, mas, já está chegando setembro e o calendário segundo o samba começa outra vez.

Esse calendário regido por festas, religiosidade, trabalho e musicalidade durante décadas estruturou e construiu sua relação com o meio ambiente, com a comunidade e com o seu universo. Sua temporalidade e ações eram baseadas nesses eventos de forma tão natural que foi passado durante décadas sem que para isso fosse necessário uma “catequização” das gerações futuras. O toque dos instrumentos, as danças coreográficas, os cantos eram apreendidos no lazer e no labor cotidiano, durante o trabalho e os momentos de diversão, que se confundem, dando ritmo e alegria às árduas atividades braçais realizadas num clima quente em meio a parcos recursos materiais.

 

 

Valor Grátis

O Quixabeira está em fase de finalização do seu segundo CD, "Bois, Chulas e Batuques", com previsão de lançamento para novembro de 2014 em Salvador e em 2015 nas cidades do interior baiano e demais capitais brasileiras.

Localização  Largo Pedro Archanjo - Pelourinho
Pelourinho
Brasil/Bahia/Salvador
4006-240

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