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Parábola do senso comum. Por Rilton Primo
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Sex, 06 de Maio de 2016 09:44

Rilton_PrimoSe você não vê o mundo ou parte dele, ele ou ela não existem, assim pensa o solipsista. Se você vê o mundo ou alguma suposta parte dele, lá está ela ou ele, pensa o solipsista. Se o solipsista morrer, o mundo também desaparece, pensa o solipsista. O mundo do solipsista é unicamente o mundo segundo o solipsista.

O outro ser humano para o solipsista é também um solipsista. Não há para o solipsista um outro ser humano. São clones. São sua paisagem. Sua intuição do mundo e do outro solipsista-paisagem faz parte dele mesmo e lhe basta. Nada há mais além, nada mais aquém.

Uma das principais características do solipsista é que em geral não se assume como tal, não admite usar unilateralismo como regra pessoal, embora assim seja.

O solipsista inclui a si mesmo como parte do que ele percebe e do que, portanto, não é ele mesmo, mas sua sensação apenas. Tudo para além dela é para si incognoscível. Termina por duvidar da sua própria existência objetiva e da razão humana, que para ele não passa de uma farsa.

O solipsista é tão obtuso que não admite o contraditório, a interpenetração dos opostos, é o antidialético por excelência.

Exerce o abuso do poder como finalidade única do poder. Como sua lei é a única lei possível, usa todas as demais em seu favor apenas: é o órgão maquínico de toda a corrupção mundial. É o antidemocrata, é o autocrata, o ditador frio e ensandescido.

Não parece assustador?

No entanto é a filosofia mais comum que existe. Seu nome é senso comum. Reconhecer um solipsista pode ser muito fácil.

Ele se vale de subterfúgios frasais simplórios ou mais elaborados, desde "cada cabeça é um mundo", a "cada um tem sua opinião"; ostenta em discussões em que perde a razão que "o que pode ser verdade para mim pode não ser para você", vale-se seriamente de ironias iluministas segundo as quais se pode desqualificar inteiramente da opinião do outro e ainda respeitar sua fala. Nem imagina de que esta frase foi dita por um teórico da liberdade que sustentava que ela não era produto da vontade, da opinião, mas do poder agir.

A expressão formal do solipsismo é o relativismo absoluto a si. Sua versatilidade moral denota falta de caráter bem característica. Se tem a oportunidade de ser uma pessoa instruida, não vê qualquer contradição em defender doutrinas contraditórias, é o eclético em si.

Sua expressão política é o oportunismo sofisticado até a amizade. Sua expressão militar são os crimes de guerra. Ele fala com Deus. Acredita que todo o universo conspire para realizar a sua vontade. Seu misticismo pode por no mesmo altar gnomos, Cristo e Belzebu. Afeito ao pensamento mágico, ineressa-se por simpatias, truques, cruza os dedos, torcer por resultados como se torcer os mudasse.

Não está confirmado se existe cura para isto depois de certo tempo. Os casos extremos são a psicose do eu ou a loucura coletiva; mais extremos são os casos médios, quase onipresentes. Uns os chamaram de ideias fixas, outros de obstinações, possessões, fé.

Dogmatismo, sectarismo, metafísica, nazismo, eugenia, geocentrismo, antropocentrismo, espírito de círculo, infalibilidade papal, santidade dos mártires, impérios sacro-santos, dinastias nobres, poderes vitalícios e hereditários, moléstias solipsistas do passado.

Chama-se agora a esta perturbação mental de uma síndrome contábil vulgar: o capital. Valor real, que se valoriza em abstrato.

A renda de todos como condição da superacumulaçao das elites. O desemprego como resultado inevitável do crescimento do capital constante (máquinas e tecnologia), a crise como destino. A exclusão das minorias como subproduto. Sua semi-reinclusão como logro.

Guerras, manipulações, golpes, especulação, monopólio, rentismo financeiro, desvio de dinheiro público, solipsismo puro.

Escravidão, neocolonialismo, protetorados, protecionismo, tarifas, alfândegas, imperialimo tecnológico, espionagem, cinismo veraz.

Complexo industrial-militar, drones, massificações humanas. Oligopólio dos meios de comunicação em grande escala global. Até a vida dos solipsistas ameaçada de morte pelo solipsismo. A ecologia inetira, a civilização em si, ameaçadas.

Não há outra época possível ao solipsista, do que é anti-história. Não por acaso esta época foi batizada de "a pré-história humana".

É claro que, se você está captando este texto, existe uma contratendência, e é esta força motriz que ultrapassará o casulo solipsista.

Rilton Primo

Centro de Estudios por la Amistad de Latinoamérica, Asia y África - Ceala

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