Novos tempos. Por Claudio Guedes |
Ter, 30 de Outubro de 2018 17:57 |
A sociedade brasileira foi, de certa forma, tutelada pelo PT nos últimos anos. É sempre cômodo, quando temos governos democráticos, aceitar essa proteção que facilita, em muito, inclusive a tarefa, quase uma mania nacional, de esculhambar o próprio governo. A defesa da democracia, das minorias, da cidadania, um dos grandes acertos dos governos petistas foi desconsiderado, por muitos do lado de cá - que se dizem defensores da democracia - e, obviamente, por todos do lado de lá - defensores do autoritarismo -, como se essa não fosse uma grande contribuição do partido à vida do país. Muitos progressistas foram abduzidos pela cantilena moralista da santa aliança da toga parcial e antipetista com a mídia conservadora e reacionária, que inflou à estratosfera os erros do PT na questão do financiamento eleitoral e no fato de que alguns - poucos, na verdade, apenas uns gatos pingados - petistas se corromperam em benefício próprio. A direita, como sempre mais esperta na manipulação de fatos e muito mais oportunista, soube aproveitar o vacilo de muitos, inclusive de pessoas sérias e comprometidas com a democracia, e transformou o antipetismo num programa eleitoral. Programa vazio de qualquer conteúdo, mas com forte apelo emocional, poderoso o suficiente para desembocar na candidatura vitoriosa à presidência da República de um político grotesco, um homem sem qualidades, acolhido por uma legenda de aluguel. E agora? Agora "Inês é morta". Muitos vão descobrir o imenso valor de termos governos preocupados com questões e políticas realmente significativas e decisivas à vida numa sociedade tosca e desigual como a nossa, ou sejam: de um lado, a defesa da democracia política e dos direitos das minorias e, de outro, ainda que timidamente, a gestação de políticas públicas de inclusão social. Achavam pouco? Bom, a partir de hoje, muitos vão passar a entender o quanto foram importantes e em quanto essas grandes escolhas, nada gratuitas, moldaram o ambiente salutar e generoso dos primeiros anos do século XXI no nosso país. Gratulatio, quae sera tamen. Depois é correr atrás do prejuízo. Os truculentos e autoritários engrossaram o pescoço e vão dar trabalho. Claudio Guedes é empresário |
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