Em 2013 a Rede Globo fez mea culpa por ter apoiado, incondicionalmente, o regime militar.
A família Marinho calculou que um editorial seria o bastante para se redimir de ter sido principal suporte de um regime que perseguiu, torturou e assassinou milhares.

Escorpião não trai seu instinto.

Enquanto encenava crocodilicamente, se opunha à Comissão da Verdade.
Para que punir assassinos? Melhor a paz dos cemitérios.

E prosseguiu à busca dos seus intentos.

Ao longo dos governos Lula e Dilma praticou o mais porco jornalismo. Criminalizou sem o contraditório e cevou o ódio contra o Partido dos Trabalhadores e a esquerda em geral.

Não fazia cobertura e sim propaganda. Ainda assim, o projeto mais socialmente inclusivo desses governos, por mais limitados e defeitos que tivessem - e eram muitos! -, sagrou-se vitorioso nas urnas em quatro eleições consecutivas, para a ira dos Marinhos e asseclas.

A Rede Globo não perseguia o PT pelos seus erros e sim pelos seus grandes acertos.

Qual projeto político na história republicana do país havia tirado mais de 40 milhões de pessoas da linha de pobreza? Até então, nenhum.

Um vetor mais distributivo, tímido e mambembe que fosse, significou declarar guerra à Globo, representante que sempre fora do grande capital e dos banqueiros.

Após a derrota de 2014, a emissora partiu para o vale tudo sob a batuta de Aécio Neves, meliante e então candidato derrotado. Hoje medíocre deputado do baixo clero.

Com a crise econômica que se agravou, inflou a raiva babante das turbas fascistas que passaram a tomar as ruas e redes sociais.

E não apenas. Também lhes assegurou assessoria em alto estilo. Quem não se lembra das chamadas ao vivo nas tardes de domingo convocando "cidadãos de bem" às patuscadas e convescotes fascistas?

Porteira do inferno, escancarou os portões à saída dos mais insandecidos demônios, honoráveis senhores e senhoras e jovens rapazes e moças que atacavam os que se vestiam de vermelho, militantes ou não, e faziam selfies com policiais militares.

A Avenida Paulista foi a meca dessas freikorps à brasileira.

A Rede Globo mitificou o juiz Sérgio Moro e o promotor Deltan Dallagnol, dois vigaristas a serviço da CIA. E exigiu deles a criminosa e hodienta prisão de Lula da Silva, encarcerado sem provas na masmorra de Curitiba.

Lula não era mais candidato.

O baronato e a maioria esmagadora da classe média - do alto da sua ignorância estapafúrdia - saltaram fogos.

O ato final desse enredo macabro foi a eleição do que pior já se conheceu na política nacional: o psicopata Jair Messias Bolsonaro.

A Globo, sim, pariu Bolsonaro num parto que durou cerca de 15 anos.

É cúmplice desse circo de horrores que se ergueu no Brasil.

E hipotecaria apoio a Bolsonaro até último pobre morrer trabalhando. Até todas as riquezas nacionais serem doadas. Até o último índio ser assassinado. Até toda Amazônia ser devastada. Até o último direito ser retirado.

Mas quando a roda da História girar, é no banco dos réus que ela vai sentar.

E não demora.

Que fiquem espertos.
Podem aguardar.

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