Faz parte de nossa história o episódio tão romântico que é quase lendário de Dona Inês de Castro, conhecida como “aquela que foi sem nunca ter sido”. Resumidamente o fato foi o seguinte: esta personagem foi à amada do príncipe Pedro, que mais tarde seria coroado rei como Pedro I de Portugal, entretanto ela teria falecido antes deste fato, assim só restou a seu amado, Pedro I de Portugal a coroar como rainha de Portugal, mesmo depois de
morta, daí o epíteto acima indicado, como “aquela que foi sem nunca ter sido”. Esta história me lembra o ex-quase futuro ministro da educação Decotelli, também “aquele que foi sem nunca ter sido”.
Aliás, lembrando a frase icônica do presidente Lula: “Nunca antes na história deste país”, aplica-se plenamente ao processo de nomeação e demissão do ex-quase futuro ministro, pois o oficial da reserva apresentou um belo currículo, que incluía o mestrado na Fundação Getúlio Vargas, instituição muito bem credenciada nos meios acadêmicos, doutorado na Universidade de Rosário, na Argentina, além de um pós-doutorado na Alemanha. Assim, logo se descobriu que o doutorado não foi concluído, pois a tese, momento final e obrigatório para a obtenção deste título, foi reprovada pela maioria da Banca, o que de imediato anula o pós-doutorado, já o mestrado foi denunciado como formado em grande parte por plágios, mais de 70%, o que o pode e deve o anular. Assim por meio dessas “inconsistências” o currículo foi quase completamente desidratado.
Por outro lado, um dos fatos mais relevante da semana foi a aprovação pelo Congresso Nacional, tanto pela Câmara como pelo Senado, da chamada Lei das Máscaras que torna obrigatório este equipamento em locais públicos. Entretanto o presidente vetou os artigos que exigia a sua obrigatoriedade no comércio, escolas, igrejas e templos com a justificativa que isto seria uma violação de domicílio, como se estes locais fossem moradia de cidadãos, como prevê leis anteriores que as protegem. Tal fato apenas indica a intolerância o presidente quanto ao uso de máscaras, que ele e o presidente Trump insistem em não respeitar.
E enfim, também na pandemia o Brasil imita os EUA, assim como Bolsonaro segue Trump, tanto nos terríveis números de contaminações e mortes, pois são respectivamente o maior e o segundo de todo o mundo, como no festival irresponsável de abre-fechas do comércio, que provoca sucessivas segundas ondas de casos e mortes, especialmente pela recusa de usar máscara e manter o mínimo de “distanciamento social”. Deste modo, também na irresponsabilidade sanitária, o Brasil imita os EUA. Tristes tempos para todos nós. Também quem mandou se eleger tais presidentes?
05/07/2020.
Sérgio Guerra. Licenciado, Mestre e Doutor em História Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador. Conselheiro Estadual de Educação - BA. Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia. Presidente do Instituto Ze Olivio IZO Cronista do site "Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina". |