Homo sapiens sapiens [Antropologia]. Subdivisão homosapiens a que pertence o homem moderno. A escala evolutiva do comportamento político-social derivou uma deformação genética que denomino de omo sapiens. O omo sapiens contemporâneo brasileiro caracteriza-se como branco, cis, meia idade, pertencente aos estratos altos e medianos da economia, reacionário, conservador e religioso.
A prática do racismo caracteriza os elementos dessa categoria sendo na sua totalidade xenófobos, homofóbicos e belicistas. Acreditam na limpeza étnica através da prática do genocídio, do aprisionamento em massa da população negra e uso das práticas políticas que impedem o acesso das camadas populares aos direitos sociais fundamentais. O omo sapiens é terraplanista e negacionista se opondo ao desenvolvimento científico, suas teorias e práticas direcionadas para o desenvolvimento humano. São dados ao uso frequente das mais variadas formas de violências nas relações conjugais sendo a mulher um dos principais alvos da sua truculência. O omo sapiens tem a força como argumento para qualquer tipo de assunto. Ele é um misógino por excelência. Os indivíduos dessa classe são os fundamentalistas religiosos que colocam a crença como superior e detentora das verdades divinas. A intolerância religiosa fica explicitadapor conta das agressões a templos e praticantes das religiões de matriz africana.
O negro é considerado o maior inimigo do omo sapiens brasileiro.
A presença maciça de elementos em posições estratégicas da sociedade faz crer uma superioridade adquirida a esse omo sapiens. A utlilização de privilégios e a exploração da força de trabalho das camadas inferiores permitiu o omo sapiens fazer um acúmulo de riquezas através da usurpação de direitos, apropriações e outras formas de delitos consentidos pelas leis. O omo sapiens sempre esteve no controle do Judiciário. Os tempos mais recentes revelaram o perfil exato desse tipo de deformação social quando um representante dessa categoria assumiu o posto mais alto do poder executivo nacional.
CONSIDERAÇÕES: A evolução da espécie humana foi iniciada há pelo menos 6 milhões de anos. Nesse período, uma população de primatas do noroeste da África se dividiu em duas linhagens que passaram a evoluir independentemente. O primeiro grupo permaceu no ambiente da floresta tropical e originou os chimpanzés. O segundo grupo se adaptou a ambientes mais abertos como as savanas africanas dando origem ao Homo Sapiens. Por isso o continente africano é considerado o berço da humanidade. A evolução da espécie humana deu-se através de processos migratórios e consequentes cruzamentos genéticos que torna-se impossível estabelecer um ramo puro nessa escala evolutiva. Portanto, criar teorias supramacistas e querer estabelecer o domínio de uma raça sobre outra argumentando possuir superioridade intelectual inata é um dos maiores absurdos que pode ser cometido pelo homem. No caso do Brasil e sua base da constituição populacional formada por indigenas, europeus e africanos, imaginar ser branco e puro é um devaneio típico de mentes alienadas e destituídas de qualquer conhecimento científico. Mal sabem aqueles onde utilizo a alcunha de 'omo sapiens' que pesquisas genéticas realizadas no exterior encontrou em europeus vestígios de gens asiáticos e africanos. Que fique claro que não existe raça superior e pura. Que os conceitos supramacistas podem ser degradáveis como sabão em pó. Que no lugar da limpeza étnica seja feita a lavagem da roupa encardida do preconceito.
Afinal, o Rinso deixou de lavar mais branco há décadas.
Zuggi Almeida é baiano, escritor e cronista. |