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A pior das piores. Por Dante Lucchesi
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Dom, 07 de Março de 2021 03:56

danteEm sua crônica de 29 de dezembro de 2020, a militante psdebista travestida de jornalista, Eliane Cantanhêde, faz terrorismo contra STF, diante da perspectiva da 2ª Turma da Corte anular os julgamentos do ex-presidente Lula, em face da cada vez mais notória, evidente e insofismável parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro.

Seu alvo principal é o ministro Ricardo Lewandowski, que liberou  os arquivos hackeados da Lava Jato para os advogados do ex-presidente. Vale lembrar que a PF já periciou e comprovou a autenticidade desses arquivos e que eles contêm provas irrefutáveis da parcialidade de Sérgio Moro, que atuava em conluio com a acusação, secretamente, para condenar o presidente Lula. Essa parcialidade, segundo a Constituição e o código de processo penal, é razão mais do que suficiente para caracterizar a suspeição de Moro, tornando nulo todo o processo.

Cantanhêde define o ato de Lewandowski com a seguinte metáfora: “tirou o pino da granada e vem por aí uma explosão política com epicentro no Supremo Tribunal Federal e estilhaços nas eleições presidenciais de 2022”. Lewandowski é costumeiramente achincalhado pelos “jornalistas’ de direita por ser talvez o único ministro do STF que, desde o Mensalão, tem sempre defendido as garantias constitucionais, contra o lawfare, o uso do judiciário como instrumento de perseguição política. Nessa linha, Cantanhêde define Lewandowski como petista e afirma que o ministro “age sempre na mesma direção: a favor de Lula”. Com tal aleivosia, a jornalista não prova a parcialidade de Lewandowski, mas a própria. Ou melhor, revela não estar fazendo jornalismo, mas propaganda política, e da pior espécie, posto que difamatória e caluniosa.

Lavajatista, Cantanhêde vê como grande ameaça a anulação dos julgamentos do presidente Lula e justifica: “O efeito político deve ser favorável ao presidente Jair Bolsonaro. Qualquer decisão benevolente com Lula tende a ter correspondência nos processos contra o senador Flávio. E, se os processos são anulados e Lula se torna elegível, isso vai eletrizar o País e acirrar a polarização Lula versus Bolsonaro em 2022, o que ainda é favorável ao capitão, como em 2018. Ao garantir uma “reparação” para Lula, o Supremo pode acabar beneficiando Bolsonaro”.

Para além dos absurdos lógicos, políticos e éticos de tal argumentação, seu cinismo é estarrecedor. Cantanhêde subordina os direitos fundamentais de um cidadão e o respeito à Constituição aos interesses do seu grupo político. É absurdo que Lula deva ser condenado sem provas, em um julgamento que é internacionalmente reconhecido como uma aberração jurídica, porque isso “pode beneficiar” o filho de Bolsonaro, contra quem há evidências robustas de prática de crime de corrupção. Como reconhece, a própria Cantanhêde: “nas redes sociais grassa uma comparação: o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) comprou e vendeu uns 20 imóveis, muitas vezes com dinheiro vivo, mas Lula foi preso por um apartamento que nunca comprou, vendeu ou usou”.

Lula foi condenado e preso em tempo recorde em um julgamento viciado, referendado por um verdadeiro tribunal de exceção (o TRF-4) para não concorrer à eleição presidencial de 2018, para a qual era favorito. Isso deu a vitória a Bolsonaro, e Moro recebeu como prêmio a nomeação para super-ministro da justiça. Defenestrado por Bolsonaro do governo, tornou-se sócio de uma empresa nos EUA que atua na recuperação da Odebrecht, que ele mesmo destruiu na Lava Jato, com a orientação do Departamento de Justiça dos EUA e do FBI. Ou seja, escândalo em cima de escândalo, que a mídia reacionária tem naturalizado.

Ao apoiar a Lava Jato e a prisão de Lula, os oligopólios midiáticos capitalistas, com destaque para a Globo e o Estadão, contribuíram decisivamente para a eleição de Bolsonaro, porque esses grupos estão umbilicalmente ligados aos grandes grupos do capital financeiro, para os quais, mais importante do que impedir o desastre sanitário, social, econômico e ambiental para o qual Bolsonaro está conduzindo o país, é impedir que um projeto de distribuição de renda e justiça social, que o PT representa, volte ao poder. Mas, diante da aberração Bolsonaro, esses grupos de interesse estão buscando uma alternativa de direita, para 2022, que mantenha a política econômica antipopular e entreguista do governo Bolsonaro, sem um presidente sociopata, negacionista e absurdamente irresponsável e incompetente.

Ao defender a condenação injusta de Lula, com argumentos absurdamente ilógicos e moralmente deploráveis, Cantanhêde nada mais faz do que defender esses interesses do grande capital. O que surpreende é sua inusitada desfaçatez e cinismo, além de sua tergiversação, pois a entrada de Lula na disputa presidencial de 2022 afeta diretamente uma candidatura de direita moderada, como a de João Dória, pela qual Cantanhêde milita, reduzindo significativamente o seu espaço. E é essa a real preocupação de Cantanhêde, e não um possível benefício a Jair Bolsonaro, como ela alega. O cenário ideal de 2022, para o grande capital, é não haver uma candidatura de peso na esquerda, para a disputa ficar entre a extrema direita (Bolsonaro) e uma candidatura de direita (Dória, Huck ou similar). A candidatura Lula mela esse jogo, e recoloca em cena a pior das ameaças para elite econômica e classe média escravocratas e racistas: um projeto de distribuição de renda e justiça social disputando efetivamente o jogo.

Mas, acima de tudo, não se pode sacrificar os direitos fundamentais de um cidadão, que, além de tudo, é o maior líder político do país das últimas décadas, e a própria Constituição, por conta de implicações eleitorais, sejam elas quais forem. O que está em jogo é algo muito mais importante é a opção entre a civilização e o estado democrático de direito em face do arbítrio e da barbárie em que a Lava Jato, com o apoio da mídia reacionária, colocaram o país.

Portanto, com sua crônica deplorável, Cantanhêde garante um ligar de destaque na escória do jornalismo brasileiro, ao lado de figuras do naipe de Augusto Nunes, Constantino, Mainardi et caterva. E o espaço que essa “jornalista” desfruta na grande imprensa, não obstante sua indigência intelectual e moral, diz muito do que é a imprensa no Brasil e explica bastante a lastimável situação em que o país se encontra.

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