Salvador, 28 de March de 2024
Acesse aqui:                
Banner
facebookorkuttwitteremail
País das fardas e togas. Por Zeca Peixoto
Ajustar fonte Aumentar Smaller Font
Ter, 06 de Abril de 2021 06:39

Zeca_PeixotoEm 1936 Olga Benário Prestes, militante comunista alemã de ascendência judaica e companheira do então secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB) Luis Carlos Prestes, foi extraditada ao regime nazista com o beneplácito do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem de extradição partiu do presidente Getúlio Vargas, que à época encetava política externa pendular.

Se inclinava tanto aos EUA quanto à Alemanha.

O STF agradou a Vargas e a Adolf Hitler, que havia ascendido ao poder neste mesmo ano.

Olga participara da Intentona Comunista em 1935 ao lado de Prestes. Mas desde os 15 anos já atuava politicamente no seu país.

Hitler a queria presa. Foi enviada à Alemanha grávida e teve a filha no cárcere. A criança retornou ao Brasil ainda bebê depois de incansável luta empreendida pela avó paterna, Maria Leocádia Felizardo Prestes. Olga morreu aos 34 anos numa câmara de gás no campo de extermínio de Bernburg, em 1942.

Qual motivo de narrar esse episódio?

É um alerta acerca da histórica falta de compromisso do STF para com a Justiça e a democracia em muitos momentos da vida nacional. Não esquecer do fechamento do Congresso em 1968 que também teve o aval do STF, assim como o golpe parlamentar contra Dilma, em 2016.

E não será surpresa se a história se repetir.

Aos fatos

Neste final de semana artigo de autoria do notório golpista Merval Pereira, porta-voz dos interesses da família Marinho, proprietária das Organizações Globo, soou como recado ao Supremo: reverter a decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações de Lula por parte do então juiz lavajatista Sérgio Moro.

Luiz Fux, presidente da Corte, já havia acatado pedido da PGR e levará a malandragem golpista ao plenário no próximo dia 14/04.

Fachin quis blindar Moro, que estuprara o Estado de Direito com seus métodos inquisitoriais fascistas junto aos seus comandados do MPF do Paraná, tendo o promotor Deltan Dallagnol como parceiro. A Operação Lava Jato ficou conhecida como o maior escândalo jurídico do mundo.

Moro, Dellagnol, Rede Globo e a agência de inteligência dos EUA, a CIA, usaram o Estado brasileiro para perseguir e prender Lula sem provas. O objetivo foi retirá-lo da eleição de 2018, na qual era favorito.

Elegeram um sociopata.

Fachin manobrou para não expôr ainda mais Sérgio Moro. Preferiu anular seus atos. Mas a manobra deu com os burros n'água. A Segunda Turma do STF julgou Moro suspeito.

Com a decisão, o ex-presidente retomou seus direitos políticos. E suas primeiras aparições moveram placas tectonicas da política nacional.

Lula é franco favorito em 2022. E isso incomoda a Rede Globo, que se une ao bolsonarismo e à direita liberal para, mais uma vez, golpear a democracia. Desta feita, mediante estupro do Regimento Interno do STF. E quem poderá estuprá-lo é parte dos seus próprios membros.

Como afirma o professor e jurista Lênio Streck, querem que Moro seja maior que o STF.

Para a Globo, porque o ex-juiz é parte constituinte do enredo golpista que a emissora bancou.

Para o bolsonarismo, porque Moro é um candidato mais fácil de ser enfrentado do que Lula.

Para a direita liberal e entreguista, porque sabe que o retorno de Lula numa ampla aliança com polo à esquerda significa a retomada da agenda trabalhista-desenvolvimentista, o que não é do agrado dos bancos e do rentismo.

Neste quesito, bolsonaristas, banqueiros e a Rede Globo estão irmanados no mesmo intento.

O sonho de consumo dessa gente é um processo eleitoral controlado e capenga, sem uma candidatura forte de esquerda.

Democracia faz de conta. O importante é a aparência, mas sob condição de que os interesses ultraneoliberais não estejam em risco. A exploração do povo brasileiro, com 15 milhões de desempregados, vulnerável a um vírus letal que já matou mais de 330 mil, sem vacinas e com 19 milhões de famélicos não vem ao caso.

Tampouco se um político tem a predileção da maioria da população.

O que interessa é que os bancos não sejam preteridos quando precisarem que o Ministério da Fazenda lhes conceda 1,2 trilhão. E que o auxílio emergencial para esfomeados não ultrapasse os 150 reais.

É o "equilíbrio fiscal". O Estado mínimo para os pobres e máximo para os ricos.

E o STF poderá ser a solução para um pleito eleitoral na medida da gula da classe dominante. Eleição sem esquerda forte e com a direita nadando de braçada.

Quando as fardas não intervem, a casa grande tem as togas.

Facismo_e_Democracia

Zeca Peixoto é Jornalista e Professor

Compartilhe:

 

FOTOS DOS ÚLTIMOS EVENTOS

  • mariofoto1_MSF20240207-183Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 2. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240207-037Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 1. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-031Fuzuê Alb 1. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-113Fuzuê Alb 2. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-223Fuzuê Alb 3. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-387Fuzuê Alb 4. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-0832Beleza Negra do ilê. Alb 1. 13.01.24 By Mario Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1071Beleza Negra do ilê. Alb 2. 13.01.24. By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1388Beleza Negra do Ilê. Alb 3. 13.01.24 By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1514Beleza Negra do Ilê. Alb 4. 13.01.24 By Mário Sérgio

Parabéns Aniversariantes do Dia

loader
publicidade

ENSAIOS FOTOGRÁFICOS

GALERIAS DE ARTE

HUMOR

  • O gigante voltou a dormir_1
  • Categoria: Charges
Mais charges...

ENQUETE 1

Qual é o melhor dia para sair a noite?