Assombroso o desconhecimento e alheamento da população brasileira, de um modo geral, e dos setores autodenominados esclarecidos, particularmente, sobre a situação terrível que vive uma parcela significativa das mulheres de todo o Brasil, abandonadas a sua própria sorte e a miserabilidade em que vive, totalmente desconhecida até pelas próprias mulheres, de quem se esperava a solidariedade de gênero e o apoio enfático pela especificidade da situação comuns a todas, pelo menos em parte bastante expressiva de suas vidas, porquanto dos homens, a maior parte da categoria de políticos dominantes, pouco se poderia esperar pela própria ignorância do tema e das questões do feminino que o machismo estrutural lhes assegura desde sempre.

Deste modo, confesso que me surpreendi, mesmo sendo professor, na Bahia, há mais de 50 anos e atuando sempre a partir da 5ª série, o que vale dizer com estudantes de mais de 10 anos, portanto, com alunas em fase de menstruação, com a aprovação de uma norma estadual que assegura a distribuição gratuita de absorvente íntimo as alunas carentes, salvo engano por uma proposta da deputada estadual, Olívia Santana. Para minha felicidade, logo em seguida, soube da aprovação pelo Congresso Nacional de lei neste sentido, entretanto como não há bem que sempre duro, especialmente no Brasil, horrorizado assisti no noticiário que o presidente Bolsonero havia declarado que “vetaria esta lei porque não estava especificada a fonte para cobrir a despesa”.

Enfim, nesta semana em que a CPI da Pandemia pretende encerrar seus trabalhos, com o Relatório Final que deve ser aprovado pela Comissão, visto que há nela uma maioria folgada da oposição ao governo, para em seguida ser encaminhada ao Plenário do Senado, conforme os trâmites regimentais. Independentemente do resultado final, posto que há uma maioria governista no Congresso Nacional, não poderíamos deixar de registrar as suas contribuições para o esclarecimento de questões levantadas sobre omissão das autoridades na sua prevenção e responsabilidades sobre o assombroso resultado de 600.000 mortos, já confirmados, obviamente sem computar as suas subnotificações, algumas intencionais para reduzir a sua intensidade.

De qualquer forma, por mais que o Plenário do Senado não aprove o Relatório Final da Comissão, e mesmo que as autoridades encarregadas das ações subsequentes, criminosas ou não, alguns avanços não poderão ser esquecidos, como as corrupções, completadas ou não, apontadas no Ministério da Saúde, submetido a uma infinidade de militares, que vão de generais do Exército a cabo de polícia de Minas Gerais, denunciadas e sofrendo prevaricação de autoridades, que vão de fiscais de servidores do ministério ao presidente Bolsonero. Sem contar com os casos de assassinatos, e outros crimes, praticados  na empresa de saúde Prevent Senior, que parece ser apenas a ponta de um iceberg das irregularidades deste setor tão vital, a população brasileira.

10/10/2021.

Sérgio Guerra.

Compartilhe: