Se eu fosse da área das psicologias diria que o presidente Bolsonero teria uma fixação no “Kit Covid” de um modo geral e na Cloroquina, em especial, haja à vista a sua insistência em
querer “empurrar” o seu uso de qualquer jeito e mesmo após a reafirmação de sua inutilidade, e até prejuízo, reiteradas vezes pelos diversos organismos, desde a Organização Mundial da Saúde, a OMS, órgão ligado à Organização das Nações Unidas, a ONU, que deve servir de referência para todo o mundo, e até o bom senso dos médicos e as instituições locais, nacionais e/ou de especialistas das áreas.
Assim, causou-nos estranheza a sua reafirmação, mesmo após mais uma negação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (CONITEC), um grupo de técnicos e especialistas ligado ao Ministério da Saúde, pois chegou ao absurdo de considerá-la eficiente, ao tempo em que condena o uso das vacinas, invertendo toda a lógica do mundo científico, cuja eficácia já é sobejamente confirmada pelos usos de bilhões de pessoas, em praticamente toda a terra, nas mais diversas situações econômicas, políticas e sociais, sem que se tenha nenhum número significativo de reações adversas.
Deste modo, como não pretendemos nos intrometer, indevidamente como faz o presidente, em áreas que não é do nosso conhecimento, para além de leigo ou mero observador, só nos resta interrogar dos pontos de vista econômico e politicamente qual os “interesses”, para lembrar a insinuação maldosa do presidente sobre a ANVISA, que movem tal obstinação para “vender este pacote medicamentoso”, especialmente sobre os pacientes do Sistema Único de Saúde, o nosso vitorioso SUS, órgão que tem demonstrado sua eficiência, calando assim, pelo menos temporariamente aqueles irresponsáveis interessados em seu desmonte.
Vale lembrar que tal comportamento do governo, a partir do presidente e se desdobrando nos vários níveis hierárquicos, do ministro e seus subordinados, tem assustado seus aliados, especialmente os do “centrão”, que estão, cada vez mais, preocupados com a queda sistemática de prestígio o que deve comprometer até mesmo as suas reeleições, e aí não tem verbas que os garantam na “base” do presidente. Enfim, se não são os financeiros, quais são os verdadeiros “interesses” que movem o presidente?
23/01/2022.
Sérgio Guerra Licenciado, Mestre e Doutor em História Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador. Cronista do site "Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina". |