O escritor baiano Matheus Peleteiro, 23 anos, lançou no mês de agosto, na Bienal do Livro de São Paulo e na Livraria Cultura do Salvador Shopping, o seu mais novo projeto “O Ditador Honesto”. A obra foi o quinto livro publicado pelo jovem estudante de Direito, que busca retratar a realidade em que vive e já publicou outros trabalhos percorrendo por gêneros com romances, poesias, contos, ensaios e novelas.

Inspirado por autores como Ray Bradbury, George Orwell e Aldous Huxley, o autor — com certa dose de ironia e tristeza — traz à tona o vislumbre de um apocalipse social e político no Brasil em um futuro não muito distante. O romance vai muito além da dicotomia direita e esquerda, dialogando com obras literárias como “A Revolução dos Bichos”, “Fahrenheit 451” e obras cinematográficas como “Ele está de volta”.

“Escrevi este livro pois ia para praças, eventos e shows e escutava as pessoas urrando ‘fora, Temer!’, ‘Bolsomito!’, ‘Lula Livre!’, mas quando tentava compreender o que diziam, para de repente até gritar com eles, sentia como se não estivessem dizendo nada. Seus discursos pareciam silenciados pela falta de profundidade e, em todos eles, me sentia mudo. Não conseguia gritar. Para completar, logo após os protestos, anunciavam barbaridades políticas nos noticiários. Então, de repente, me peguei escrevendo um romance com o intuito de expor o quão ridículo era aquilo tudo, a fim de emitir um desdenhoso protesto. O livro não trata somente da política, mas de todos os comportamentos que influenciam na manutenção do caos político em que vivemos, sobretudo a hipocrisia”, destacou Peleteiro.

Em um tom bem-humorado, mas nem por isso menos profundo e realista, a sua mais nova obra literária apresenta uma satírica distopia política ambientada em 2026, narrada por um assistente jurídico, que assiste ao seu chefe, inconformado com a posição social que adquiriu em meio ao caos coletivo estabelecido, ceder ao seu impulsivo desejo de alterar as estruturas sociais. Nas palavras do autor, o livro “certamente não surgiu a partir de um único fator preponderante”, e, na verdade, “é resultado de uma série de pequenas agonias”.

Sobre o seu objetivo, relatou que não escolheu escrever uma sátira para que pudessem emitir juízos de falar sobre os temas retratados, pelo contrário, escreveu para estimular a reflexão e questionar se o problema do povo brasileiro enquanto nação, de fato, se restringe à política. Nas suas palavras, confessou: “Penso que se nós, brasileiros, fossemos postos no paraíso, o transformaríamos num inferno. Um inferno muito divertido, é verdade, mas, ainda assim, um inferno. Acredito que o livro pode sacudir o brasileiro, forçá-lo a abrir os olhos e perceber que a política não é um BA x VI, nem um FLA x FLU ou um GRE x NAL. Meu objetivo é que o livro seja como dois dedos forçando os olhos do leitor a se abrirem. Isso estaria de bom tamanho para mim”.

Em 2015 Matheus lançou o seu primeiro romance, “Mundo Cão”, pela editora Novo Século. Em 2016, lançou “Notas de um Megalomaníaco Minimalista” (editora Giostri) e o livro de poemas “Tudo Que Arde Em Minha Garganta Sem Voz” (editora Penalux). Já em 2017, publicou “Pro Inferno com Isso”, seu primeiro livro de contos. Além de publicar “O Ditador Honesto”, em 2018 também traduziu, ao lado do poeta Edivaldo Ferreira, o livro “A Alma Dança em Seu Berço”, do renomado dinamarquês Niels Hav, publicado pela Editora Penalux.

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