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Terreiros de Juazeiro se unem contra intolerância religiosa e recebem visita de membros do Conselho de Cultura
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Qui, 30 de Junho de 2016 13:08

terreirosQuatro terreiros de Juazeiro, no território Sertão do São Francisco, servem de exemplos como espaços religiosos cruciais à preservação da cultura atrelada às religiões de matriz africana. Com o objetivo de pensar meios de resguardar esses locais e combater a intolerância religiosa na Bahia, integrantes do Conselho Estadual de Cultura estiveram com lideranças religiosas e ouviram relatos de violência e as tentativas de reduzir o preconceito.

Foram visitados os terreiros Ilê Asé Ayra Onyndancor, Ilê Asé Ominkayodé, Ilê Abasy de Oiá Guenã e o Bandalê Congo, todos situados no bairro do Kidé. O encontro aconteceu em 17 de junho, um dia depois de o Conselho Estadual de Cultura realizar Sessão Plenária no Espaço Cultural João Gilberto, evento que reuniu agentes culturais, artistas e dirigentes de cultura em torno de um debate centrado nos impactos da crise econômica e política na gestão da Cultura.

“É preciso buscar meios de ajudar os povos de terreiro na preservação das práticas culturais coletivas advindas da matriz religiosa afrobrasileira. Por isso, é importante pensar alternativas para colaborar na instrução dessas comunidades a respeito dos aspectos legais de proteção, como o registro especial, tombamento e outras políticas públicas de proteção, a exemplo das áreas de rota cultural e paisagística (PCP), regularização fundiária, dentre outros”, afirmou a conselheira Ana Vaneska, presidenta da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural do Conselho Estadual de Cultura. Estiveram também presentes os conselheiros Nilo Trindade, DJ Branco e Ary da Mata.

APEDREJADO – A gerente de diversidade da Secretaria de Desenvolvimento e Igualdade Social, Luana Rodrigues, e a supervisora de Promoção da Igualdade Racial, Iuana Loise, acompanharam os membros do Conselho nas visitas aos terreiros. Um deles, o Ilê Abasy de Oiá Guenã, sofreu uma série de atentados no ano passado. O mais grave aconteceu em julho, quando um apedrejamento foi registrado.

Logo após os episódios de violência, líderes religiosos se mobilizaram pelo combate à intolerância religiosa em Juazeiro. A comunidade participou de passeatas e rodas de conversas voltadas à cultura da paz e ao respeito à diversidade, assim como foi instituído o 8 dezembro como Dia Municipal dos Povos de Terreiro.

Ações educativas na região, no entanto, precisam ser mantidas. A brutalidade contra o Ilê Abasy de Oiá Guenã deixou vestígios de medo e impotência ao povo de santo, como afirma a gerente de diversidade Luana Rodrigues. “Mãe Adelaide de Oiá, [líder religiosa do terreiro], estava em tratamento contra um câncer em Salvador. Quando voltou, encontrou o desastre em sua casa. Foi um momento triste tanto para ela como ao povo que ainda aguarda a reconstrução do templo”, contou.

No terreiro Ilé Asé Ayra Onyndancor, os integrantes do Conselho foram recebidos pelos gestores do espaço, Yá Edna e o diretor José Rosa. Há mais de 50 anos o local guarda riquezas espirituais e culturais, como a tradição da Quadrilha Matuta. “Enfrentamos muita luta para sobreviver todo esse tempo. Chegamos primeiro e abrimos para outros terreiros. Nós somos sucessores e preparamos os próximos”, revelou a Yá, que trabalha para a união da irmandade local.

FOLHAS SAGRADAS – Os povos de terreiro enfrentam outros dois problemas na manutenção de suas tradições. O primeiro deles é ligado à especulação imobiliária com a crescente construção de condomínios à margem do Rio São Francisco. Isso dificulta o acesso ao leito do rio para colocar oferendas nas águas, principalmente em áreas que se tornam condomínios fechados. Para a conselheira de cultura Ana Vaneska, é necessário que o Estado busque meios de incentivar o empreendedorismo na rede das comunidades de terreiro, isso inclui a produção de hortas e outros meios de cultivo de plantas sagradas

O segundo aspecto é a escassez das plantas utilizadas nos ritos religiosos, algo que impacta na manutenção das tradições e está ligado ao avanço dos centros urbanos e ao desmatamento. No terreiro Bandalê Congo, por exemplo, a líder religiosa Mãe Maria de Tempo revela que, antes das obrigações, tem sido necessário buscar as folhas ritualísticas em Salvador. “Não encontramos as folhas aqui em Juazeiro, temos de comprar fora e guardar na geladeira. O problema é que a planta perde o frescor”, assinalou, após lamentar o prejuízo por não haver cultivo das plantas e ervas sagradas para suprir essa demanda.

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