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Identidade cultural é valorizada na nova expografia da Coleção de Arte Popular
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Seg, 12 de Novembro de 2018 14:48

Coleo_Arte_Popular_Solar_Ferro_2018A compreensão da nossa identidade cultural é a principal referência da Coleção de Arte Popular que acaba de ganhar nova expografia no Centro Cultural Solar Ferrão (Pelourinho) e será reaberta para visitação pública em 14/11, às 16h. Expostas em três salas totalmente reformadas, as peças são representativas da Cultura Popular do Nordeste coletadas entre as décadas de 50 e 60 do século XX.

O núcleo inicial teve origem na coleção adquirida pelo cenógrafo e diretor de teatro Martim Gonçalves para subsidiar e ilustrar estudos e práticas na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), posteriormente ampliado pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi.

O encontro de Martim Gonçalves com a arquiteta, primeira diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), e a afinidade profissional entre ambos gerou diversos projetos não só para peças teatrais como para mostras de arte. Esta parceria viabilizou, em 1959, a “Exposição Bahia” (Arte Popular Nordestina), na V Bienal de São Paulo. O acervo também compôs a exposição “Nordeste”, realizada em 1963, no MAM, e diversas mostras promovidas na Bahia e em São Paulo. Em 2003, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) passa a ter a guarda da coleção.

Dentre as peças utilitárias e figurativas que compõem a Coleção de Arte Popular, encontram-se ex-votos, imaginária (arte sacra católica e de matriz africana), esculturas em cerâmica, utensílios domésticos como fifós, panelas, potes de barro, além de carrancas, brinquedos e outros objetos criados a partir de materiais reutilizáveis que representam a sintonia entre a arte e a vida cotidiana. Completam a nova expografia a obra “Emblemática Casinha”, de Denissena (2018) e a foto “Margem do Rio São Francisco – Barra (BA)”, de Mateus Pereira (2008).

O artista plástico Denissena informou que esta foi a primeira vez que utilizou a técnica de argila sobre parede para, num processo experimental, produzir a obra. “Foi uma experiência muito gratificante, pois pude produzir pela primeira vez toda a textura, o relevo e os tons da argila sobre a parede para compor a obra. Além isso, este processo me remeteu às pessoas que constroem suas próprias casas de barro”, explicou.

A reabertura da coleção faz parte do processo de requalificação do Solar Ferrão. “Já revisitamos as salas da Coleção de Walter Smetak e agora estamos entregando a nova expografia da Coleção de Arte Popular. Além disso, estamos finalizando uma requalificação física geral do prédio e ainda vamos finalizar o trabalho no Museu Abelardo Rodrigues e da Coleção de Arte Africana”, explica a coordenadora da Diretoria de Museus (Dimus/Ipac), Fátima Santos.

“Neste momento em que o país vive após o incêndio no Museu Histórico Nacional, é emblemático que o Estado da Bahia entregue à população um equipamento que, além do seu acervo, seja extremamente rico e importante para a cultura não somente da Bahia, mas nacional. Um equipamento cuja arquitetura singular para o Brasil é patrimônio histórico nacional e da Unesco. Este trabalho deixa claro que existem politicas públicas importantes de enfrentamento, de continuidade no sentido de termos equipamentos que se comuniquem melhor com a sociedade, que sejam espaços mais qualificados para receber os cidadãos“, declarou o diretor geral do Ipac, João Carlos Oliveira.

Alguns destaques

Os ex-votos, presentes nesta mostra, são testemunhos de fé e agradecimento por graças alcançadas que podem estar relacionadas à cura de enfermidades no peito, no braço, na cabeça, ou em outras partes do corpo humano e até mesmo à conquista de um bem material. Cada peça traduz a capacidade inventiva e a percepção visual de artesãos e santeiros autodidatas, ou daqueles que herdaram o ofício de seus pais ou mesmo de parentes próximos. Esses artesãos, na maioria anônimos, buscavam soluções práticas, explorando os recursos materiais disponíveis em sua região e, dessa forma, conferiam a estas peças características específicas.

O vaqueiro é um dos destaques da mostra, onde se pode ver sua indumentária e apetrechos da montaria e de sobrevivência. Do couro do boi se fazia a roupa de trabalho do vaqueiro que lhe permitia embrenhar-se pelas matas agrestes (calção, perneiras, gibão, guarda-peito, jaleco, luvas, chapéu, sapatos), o aparelho da montaria (sela, antolhos, barriguilha, cabresto, rédea, chincha, rabicho, peitoral, cabeço, brida) e os utensílios para sua sobrevivência e da montaria: o bogó para tirar a água do poço; a borracha para o transporte em viagem; o surrão destinado ao seu farnel; o embornal para a comida dos animais de tração ou viagem. O pouso dos vaqueiros para o seu repouso e o da sua boiada foi semente de muitas localidades que hoje constam em nossos mapas e que se iniciaram com a vida social das fazendas de criar que fixaram os homens nas terras dos sertões.

A produção artística popular do Nordeste está representada nos utensílios decorativos e utilitários produzidos em vários municípios. São peças esculpidas ou talhadas em madeira e outras feitas em cerâmica, fruto da produção coletiva ou individual de mestres artesãos. Dentre as peças utilitárias, figuram as talhas, potes, porrões, quartinhas, panelas, alguidares, moringas, caborés, mealheiros e outros utensílios. As peças figurativas destinam-se ao uso religioso, lúdico e para o adorno, representando santos, anjos, animais, frutos, cenas e tipos regionais.

CENTRO CULTURAL SOLAR FERRÃO

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o casarão construído entre o fim do século XVII e início do XVIII possui seis andares e abriga a Galeria Solar Ferrão, o Museu Abelardo Rodrigues e quatro coleções: a Coleção de Arte Popular (ampliada pela arquiteta Lina Bo Bardi) que reúne peças representativas da cultura popular do Nordeste coletadas entre as décadas de 50 e 60; a Coleção de Arte Africana Claudio Masella, que mostra a riqueza estética e a diversidade da produção cultural africana do século XX; a Coleção de Instrumentos Musicais Walter Smetak, suíço que marcou a história da música brasileira, influenciando movimentos como a Tropicália; e a Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi. O Solar Ferrão integra os espaços administrados pela Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (DIMUS/IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA).

Visitação: terça a sexta das 10h às 17h; sábado das 13h às 17h.

Entrada: grátis

Endereço: Rua Gregório de Mattos, 45 - Pelourinho, Salvador (BA)

Contato: (71) 3116-6743

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