A curadoria do Flin (Festival Literário Nacional) mescla diferentes linguagens artísticas e culturais, dando destaque especial à literatura oral dos saraus, dos slams e das batalhas de poesia. Esses elementos compõem a expressão jovem que envolve o primeiro Festival Literário do Governo do Estado, e é marcado pelo hibridismo contemporâneo característico dos trabalhos do jornalista, escritor, artista visual e curador do Flin, Tom Correia.

Tom nunca imaginou que pudesse se tornar escritor ou mesmo curador quando, no início dos anos 2000, começou a se aventurar pela escrita literária. Em 2003 foi premiado pelo antigo Prêmio Braskem, com o livro de contos Memorial dos Medíocres e daí em diante o caminho foi sem volta. “De lá pra cá eu fui me envolvendo com a literatura de um jeito nada planejado”, diz à FPC em entrevista.

Hoje a ficção é seu respiro. “É o que me equilibra e desequilibra, ao mesmo tempo. A ficção é fundamental, inclusive para entender nosso lugar no mundo, né? A vida seria insuportável sem a ficção”.

O plano de Tom era se tornar fotógrafo, tendo até iniciado seu caminho profissional com a fotografia analógica, mas acabou engavetando o sonho quando viu que as condições materiais não facilitavam o acesso aos equipamentos e à revelação de filmes, na época. Mas depois do seu primeiro livro, uma série de elementos relacionados à literatura foram capturando o escritor.

“Eu tive a surpresa de uma residência no [Instituto] Sacatar, em Itaparica, que foi bem marcante pra mim, porque ela me recolocou no mundo de uma forma meio híbrida. Tanto, porque lá eu voltei a fotografar, como também porque eu escrevi um projeto para o qual eu fui selecionado”, compartilha.

Atualmente, Tom cria tanto na literatura quanto na fotografia, investindo em estéticas híbridas e intertextuais. “Uma contamina a outra, no bom sentido. Ou dialoga, em certo sentido. Mas minha preocupação hoje é que uma não anule a outra, e sim que elas se potencializem. Imagem também é texto, né?”

Sua relação com festas literárias começou em 2013, quando foi convidado a participar de uma mesa na Flica (Festa Literária de Cachoeira), evento em que, anos depois (em 2017 e 2018), foi convidado para ser curador e passou a exercer seu olhar cuidadoso na escolha da programação cultural de eventos literários da Bahia. Ele lembra que foi uma experiência importante para ampliar sua capacidade de empatia. “De tudo. Da emoção de receber o convite, de saber quem é a pessoa que vai estar na mesa, de quem será o mediador, do clima. Então isso me ajudou bastante”.

Na curadoria do Flin, ele conta que os desafios são inúmeros. “O primeiro deles é promover a descentralização de um festival literário pensando numa programação à altura de qualquer outro "fli" do país e dialogando, sempre que possível, com outras linguagens artísticas a partir do livro e da leitura”. Durante a abertura do Festival, a pré-Flin, ele observou uma geração talentosa, consciente e disposta a ser protagonista no festival.

“Esperamos que não apenas os estudantes da rede pública estejam presentes nos dias do festival, como também os moradores de Cajazeiras de todas as faixas etárias”. A programação do Flin, que acontece de 12 a 15 de novembro, no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras, está bastante variada para que o público de outros bairros de Salvador possa escolher o que deseja assistir de acordo com as suas demandas cotidianas.

Pré-Flin - Nos próximos meses, a Pre?-Flin promove diversas atividades junto a? comunidade local. Em setembro, terão reuniões com empreendedores de Cajazeiras para formações sobre Empreendedorismo e Cooperativismo; bate-papo e atividades educativas através do Transformae?, com crianças e adolescentes das escolas estaduais da região; oficina de Poema-Cartaz e Campanha Leia e Passe Adiante, com distribuição de livros nas escolas. Além do aula?o pre?-ENEM sobre a História da Bahia na história do Brasil nos próximos três meses, com jovens vestibulandos.

Flin - O Festival Nacional Literário (Flin): Diversas Leituras & Novos Caminhos é um projeto do Governo do Estado da Bahia, executado através da Secretaria de Cultura (SecultBA) e coordenado pela Fundação Pedro Calmon (FPC/SecultBA). O Flin conta com a parceria das secretarias de Administração (SAEB); de Comunicação (SECOM); de Educação (SEC); de Meio Ambiente (SEMA); de Saúde (SESAB); de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE); de Políticas para as Mulheres (SPM); de Promoção da Igualdade Social (SEPROMI); de Tecnologia e Ciência (SECTI) e de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), além da Bahiatursa, do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) e da Fundação Cultural (FUNCEB).

Compartilhe: