O teatro baiano vem se transformando na última década com o advento e fortalecimento dos grupos e coletivos de teatro. No intuito de potencializar as habilidades de seus componentes, o Coletivo Quatro, criado em 2011, tornou os seus artistas em também gestores e empreendedores dos seus projetos.

Releituras de grandes sucessos do cantor Fábio Jr. dão o tom do enredo do espetáculo. Tais como “Pai”, “Ilumina”, “20 e Poucos Anos”, e outros. O musical fica em cartaz até o dia 27 de outubro, de terças a quintas-feiras, às 20h, no Galpão Wilson Mello, no Forte do Barbalho. A entrada é gratuita.

Enredo
Contemplado pelo Edital da Prefeitura de Salvador, Arte Em Toda Parte Ano III, o musical desvenda a intimidade dos bastidores de uma peça de teatro recheada de amores e recomeços. Um grupo de teatro decide voltar suas atividades depois de mais de 10 anos sem produções.

O grupo encerra suas atividades depois que o diretor do grupo é assassinado dentro do galpão de ensaios, em frente ao filho Ivan (interpretado por Igor Epifânio).

Intérpretes
O texto do musical é assinado pela premiada atriz e diretora de teatro Fernanda Paquelet, que interpreta Carla, uma das personagens de Na Coxia. Paquelet já ganhou os prêmios de melhor atriz (As Estrelas de Orinoco – 2006) e melhor espetáculo infantil (Barrinho – 2013), além de já ter sido indicada a melhor atriz coadjuvante (Mal Estar na Civilização), melhor direção (Vaca Lelé) e melhor espetáculo infantil (Vaca Lelé; e Estórias de Amor).

Outro ator premiado do espetáculo é Igor Epifânio, no Prêmio Braskem de Teatro, na categoria melhor ator em 2012. Completa o banco de atores Marília Castro, Alexandre Moreira, Cibele Marina, Luiz Pepeu, Diogo Lopes Filho e Jarbas Oliver – estes dois últimos indicados três vezes ao Prêmio Braskem de Teatro. A direção do musical é de Jarbas Bittencourt e Angelo Rafael.

“Mellão”
Esta estreia marca também a ida do Coletivo para o Forte das Artes, localizado nas dependências do Forte do Barbalho, construção histórica da cidade de Salvador. O Forte, que hoje abriga produtora de vídeo, empresas de iluminação, acervos de figurino, abre suas portas para o Coletivo Quatro, que mergulha no desafio de transformar uma sala 200 metros quadrados, cedida pela Secretaria de Cultura do estado da Bahia, num novo espaço cultural de Salvador. 

O Coletivo no intuito de homenagear um dos grandes nomes do teatro baiano titulará a sala de Galpão Wilson Melo. “Mellão”, apelido carinhoso que ecoava nas coxias do teatro baiano, era a forma como colegas de profissão chamavam o ator Wilson Mello. As novas gerações de atores da Bahia desconhecem a história deste grandioso artista, que era um boêmio de riso fácil e humor apimentado.

Wilson Mello marcou a história do teatro baiano e tem mais de 100 peças no currículo, tais como Quincas Berro d'Água (1972 e 1996), Lábios que Beijei (1998), e outros 20 filmes, como "Dona Flor e Seus Dois Maridos"; "Tieta do Agreste"; "Cidade Baixa"; "Eu Me Lembro".

Os trabalhos que Mellão desenvolveu fizeram dele uma referência de vocação e talento. “Buscando o resgate e valorização da história do teatro na Bahia, o Coletivo Quatro homenageia esse consagrado ator baiano falecido em 2010, aos 77 anos. Que o Galpão Wilson Mello transborde alegria e talento”, declara a atriz, diretora e dramaturga Fernanda Paquelet.

Coletivo
O Coletivo Quatro nasce da necessidade de capacitar profissionais, artistas, produtores e técnicos, para o mercado de trabalho. As atividades iniciaram em 2011, quando 25 atores baianos se reuniram para um treinamento intensivo, com aulas práticas de canto, dança e interpretação voltadas para o teatro musical, estética ainda timidamente explorada no Estado.

De 2011 a 2015, as atividades do Coletivo foram voltadas para o estudo, pesquisa e treinamentos, instrumentalizando seus artistas para as futuras montagens. Em setembro de 2015, o Coletivo Quatro assina seu primeiro musical, “João e o Pé de Feijão”, uma adaptação do dramaturgo baiano João Sanches (mesmo autor e diretor de “Entre Nós” e “EgoTrip”). 

Atuação, direção cênica e produção foram executadas pelos artistas do Coletivo: Igor Epifânio, Fernanda Paquelet, Fernanda Beltrão, Cibele Marina, Marília Castro, Alexandre Moreira, Jarbas Oliver, Diogo Lopes Filho e Luiz Pepeu. Tudo supervisionado pelos professores e especialistas das áreas de canto, Maestro Ângelo Rafael, e dança, com o coreógrafo Roberto Montenegro.

O grupo conta ainda com a preparação vocal de Carlos Eduardo dos Santos. Esta mesma equipe de artistas, se revezou também fora de cena, nas funções de produtores, figurinistas, cenógrafos, iluminadores, potencializando suas habilidades, ampliando sua atuação no mercado de trabalho e fomentando uma organização de autogestão e produção continuada, foco do Coletivo Quatro. 

O Coletivo Quatro se baseia na formação de artistas, criação coletiva, empreendedorismo, intercâmbio de expressões culturais e artistas, investigação de novas ideias e informações, produção artística regular com acesso gratuito para o público.