Após 30 anos, o grande público poderá conferir as obras de um dos mestres da pintura moderna brasileira. A Santa Casa da Bahia comemora os 10 anos de fundação do Museu da Misericórdia, a partir de 16 de setembro, com a exposição PANCETTI NA BAHIA - Coleção BBM/Clemente Mariani. Em cartaz até 28 de outubro, a mostra é composta por 22 telas, todas da década de 50, que retratam paisagens baianas pelo olhar do autodidata e inovador Pancetti, o "pintor marinheiro" que escolheu a Bahia como lar e fonte de inspiração.
As obras que estarão expostas foram produzidas no período de sete anos. Elas revelam paisagens de Salvador, como a Lagoa do Abaeté, as praias de Itapuã, Monte Serrat, Barra e Gamboa de Baixo. "Pancetti repetiu o mesmo padrão em quase todas as marinhas da fase Bahia, de 1950 a 1957: ...céu ...mar ...areia, às vezes pedras, alguns coqueiros, umas poucas figuras. E não nos cansamos de apreciar essas telas tal como não cansamos de apreciar o movimento contínuo do mar", afirma Vera Novis, curadora da mostra.
Os quadros selecionados para a exposição fazem parte de um conjunto maior, adquirido especialmente para decorar as novas sedes do Banco da Bahia em Salvador e no Rio de Janeiro. Atualmente, as obras encontram-se no Rio e também ornamentam o prédio do banco em São Paulo.
O presidente do Conselho do Banco BBM, Pedro Mariani, afirma que seu pai, Clemente Mariani, valorizava a educação por acreditar que geraria muitos Pancettis em todas as áreas de atuação e não apenas nas artes. Clemente e o artista eram amigos, “e essa relação contribuiu para que o pintor paulista se identificasse para sempre com o litoral baiano”, afirma Pedro.
A exposição montada no Museu da Misericórdia ainda acentua a relação de Pancetti e suas obras com Pierre Verger, Dorival Caymmi e Odorico Tavares. O fotógrafo francês registrou Pancetti pintando alguns dos quadros que compõem a mostra. Os visitantes poderão apreciar as fotografias, publicadas pela primeira vez na revista O Cruzeiro, em 1950.
Já as composições de Dorival Caymmi foram inspiração para Pancetti, que registrou em uma carta o objetivo de transpor a música e poesia do artista baiano para suas telas. O jornalista, poeta e colecionador de arte Odorico Tavares foi o responsável pela vinda de Pancetti a Salvador e grande divulgador de sua arte.
"É uma honra celebrar os 10 anos do Museu da Misericórdia com um artista tão relevante como Pancetti. O público baiano e os turistas, que já desfrutam diariamente do acervo histórico permanente que possuímos, agora comemoram conosco a vinda de um artista de destaque como ele", ressalta o provedor da Santa Casa da Bahia, Roberto Sá Menezes.
Sobre o artista
Giuseppe Gianinni Pancetti, conhecido como José Pancetti, nasceu em 1902, em Campinas (SP). Filho de imigrantes italianos, passou parte de sua infância e adolescência na Itália. Voltou ao Brasil em 1920 e, em 1950, fixou residência na Bahia, local onde sua obra adquire cores quentes e fortes. |