Rogo, senhora, Vem ser a empreiteira da minha fortuna, A dotação orçamentária fraudada, O desvio consentido, minhas diárias, Meu jeton.
Figure na minha delação premiada, Dê-me salvo conduto para roubar, Aconchegue-se na minha conta secreta, Dirija a minha empresa no paraíso fiscal.
Venha, senhora. Vamos, juntos, sonegar, Superfaturar, exigir comissões e propinas Nas obras públicas nas mãos dos cartéis.
Dispa-se da honra, da dignidade, do pudor, Desses preconceitos cultivados por pobres, E invista na mentira, no ódio, na esperteza Amealhando votos nas senzalas e asilos.
Venha, deite-se comigo, usufruamo-nos Como se cofres públicos privatizados, Um do outro, em amor eterno e constante, Nas alcovas aconchegantes do Judiciário.
Nomeie-me qualquer coisa abjeta e suja No seu corpo cancerado por desfalques, Todo mestastaseado nos rombos e saques, Sangrando indignação e opróbrio, asco, Pelos que a chamam autoridade, poderosa, Servidora do povo, quando não és mais, Nem um pouquinho mais que uma cafetina Acreditando que o povo é uma puta.
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