O preço que as escolhas desastradas para o STF cobraram de Dilma. Por Paulo Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Seg, 09 de Maio de 2016 03:08 | |||
Você sabe, por exemplo, por que FHC escolheu Gilmar Mendes. Todos os dias Gilmar mostra que, muito mais que um juiz, é militante apaixonado do PSDB de FHC. Se no lugar de Dilma estivesse um tucano, e no de Teori Gilmar, o pedido de afastamento seria deferido em horas. Cunha já estaria na cadeia, e o presidente tucano governaria em paz. Entre os americanos, vigora a convicção de que a escolha mais importante de um presidente é a que diz respeito à Suprema Corte. Roosevelt só conseguiu por em ação seu New Deal quando obteve, enfim, maioria na Suprema Corte. Até lá, foi derrotado sucessivas vezes por uma maioria conservadora de juízes. A boa escolha de magistrados por Roosevelt tornou possível o New Deal, o programa econômico que retirou os americanos do abismo da Grande Recessão de 1929. A má escolha de magistrados por Lula e por Dilma, na contrapartida, tornou possível o golpe. Na autocrítica que o PT fizer sobre o golpe, a questão da montagem do STF haverá de ter uma importância fabulosa. Considere o seguinte. Os dois pilares do golpe foram a mídia plutocrática e o STF. Não havia o que fazer quanto à mídia: Marinhos, Frias, Civitas fazem o que bem entender. Mas sobre o Supremo é diferente. Os votos dados a um presidente da República permitem a ele definir o juiz quando se abre uma vaga no STF. Num país como o Brasil, de instituições extremamente frágeis, o STF pode ser a salvação ou a perdição de um governo. Para Dilma, foi a perdição. O perigo representado pelo STF já ficara claro no Mensalão. Particularmente Joaquim Barbosa marretou impiedosamente o PT, sob os holofotes entusiasmados da mídia. A ironia é que Barbosa foi escolhido por Lula. Lula queria colocar um negro no STF e Barbosa preenchia o requisito. O golpe já poderia ter vindo no Mensalão. O que deteve a plutocracia foi a mística da militância petista. O PT poderia parar o país, temia a direita. Isso a deteve. Em 2016, esse temor já não existia. O PT se desgastara e sua militância como que engordara de tanto ficar com o traseiro na poltrona. Isso ficou estampado num dia, nas Jornadas de 2013, em que Rui Falcão convocou a “maré vermelha” para demonstrar sua pujança numa manifestação. A “maré vermelha” foi varrida pelos manifestantes. A plutocracia se animou. Era como se a porta para o golpe estivesse, enfim, aberta. A mídia radicalizou sua campanha. Abandonou o jornalismo e passou a fazer propaganda antipetista de forma descarada. Um STF de alta qualidade poderia ser uma barreira contra o golpe. Mas Lula e Dilma fracassaram miseravelmente nessa tarefa. O símbolo maior disso foi a demora de Teori em afastar Cunha. Não há nada que explique por que ele tenha deixado Cunha com as mãos livres para manobrar com seus métodos indecentes e ilegais o processo de impeachment na Câmara. Lula e Dilma, com suas escolhas desastradas para a Suprema Corte, ajudaram os inimigos a derrubá-los. Os golpistas deveriam agradecer a ambos. Teori facilitou o golpe com sua demora em enquadrar Cunha Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-preco-que-as-escolhas-desastradas-para-o-stf-cobraram-de-dilma-por-paulo-nogueira/
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