Eu cresci na ditadura militar. Por Christina Schwabacher Araripe |
Qui, 15 de Dezembro de 2016 00:33 |
Quando pude votar, já era mãe. Lutei muito para fazer parte de uma democracia. Foram tempos duros, porém havia esperança. Eu não parti para a guerra na ditadura. Era muito jovem na sua forma mais violenta. Mais tarde conheci muitos que lutaram que perderam amigos, a liberdade . Foram torturados. Escutava aquilo com horror. Chorava e me emocionada por conhecer pessoas tão corajosas e que fizeram a diferença. Lembro do meu pai, promotor público , radicamente contra este regime militar. Muitas vezes agradecer por eu não ter tido idade para guerra. Ele tinha certeza que eu iria, rsrsrs. Não sei, seria bem possível. Rsrsrs. Mas eu lutei com o que tinha. Na da faculdade. Nos diretórios.. Nas passeatas. Levei bebê para direitas já. Palanques com Lula foram muitos. Eu tinha esperança. Queria dar um mundo melhor para minha filha, meus futuros netos. A vida nos anos oitenta, principalmente para jovens como eu. Com filhos pequenos. Iniciando a vida, não foi fácil. Tudo subia o tempo inteiro. Juros corrosivos. Você ia só supermercado e diariamente os precos eram alterados. Agio para carros. Tinha fila para leite. Frango e tudo mais. E sim, estou falando de mim. Classe média que podia ter tudo isso. Comer. Ter um carrinho. Pegar fila de leite. Frango. Mas na real? A miséria assolava. Betinho fazia campanha contra a fome. Os sinais eram abarrotados de crianças pedintes. Enfim. Na minha vida classe média . Eu lutava para pagar as contas. Colocar filho na escola particular. |
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