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Por que o velho ACM me grampeou Por: Geraldo Galindo (*)
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Ter, 09 de Março de 2021 05:05

Geraldo_Galindo_LumaEra o ano de 2002. Estava num motel. O telefone tocava sem parar. “Vou atender essa porra pra trepar sossegado”.
- Alô, falo com Geraldo Galindo?- Sim, o que deseja? Fala logo que eu estou nas preliminares de uma trepada.


Era uma uma ligação de um jornalista de uma das maiores revistas semanais do país.
- Desculpe te incomodar numa hora dessas, mas é urgente.- Diga logo.- Ainda hoje a imprensa vai divulgar um escândalo envolvendo o senador ACM.- A vida desse cara é só escândalo, qual novidade agora?- A novidade é que foi descoberto um esquema de grampos na Secretaria de Segurança Pública na Bahia.- E que porra isso tem a ver comigo?

Bem, terei de interromper o diálogo para explicar algumas coisas pra você, leitor (a). Eu tenho um heterônimo, chamado GalindoLuma, uma personalidade que surgiu em minha vida sem que eu planejasse, que tem características distintas deste escriba, em que pese algumas afinidades.

Ele assinou durante 12 anos uma coluna semanal chamada Variedade Mundanas, onde dava dicas culturais, contava piadas e debochava de políticos de direita, além de trazer assuntos picantes - sacanagens de perder de vista. Ela era divulgada numa lista de transmissão por e-mail, que se espalhava até por outros países e sempre tinha gente pedindo pra ser acrescentado entre os destinatários. Um sucesso. O velho ACM era um dos principais alvos do deboche do debochado e indecente escrevinhador.

Já, eu, Geraldo Galindo, filiado ao PCdoB, fazia oposição ao oligarca, nada muito diferente de outros militantes da esquerda. Não era fácil, pois se a ditadura acabara no Brasil, tinha retornado à Bahia após pequeno interregno democrático. Imperavam perseguições e   prisões políticas, violência contra manifestantes, invasão de sindicatos e censura. O tirano controlava com mão de ferro o governo do estado, a esmagadora maioria das prefeituras, todas as esferas judiciais e  os meios de comunicação.  
Era asfixiante fazer oposição ao déspota pois ele usava todo esse aparato para ameaçar e perseguir as vozes dissonantes. Até mesmo grandes empresários saíram da Bahia por não suportar mais o achaque que vinha dos carlistas. A justiça eleitoral era uma vergonha - o imperador atacava os adversários à vontade nas campanhas de TV e Rádio  e ainda  tomava o pouco tempo que a oposição dispunha. Prefeitos eram chantageados -  suas contas seriam reprovadas pelo TCM caso ousassem pensar em independência política. 
Me lembro de ter ajudado a articular uma denúncia que o Sindicato dos Bancários fez (publicado em página inteira da Folha de São Paulo) de um poderoso esquema de corrupção então existente dentro do Banco do Nordeste,  comandado pelo antigo PFL, então propriedade do  ex-governador. Lembro ainda de que na época recebi uma ligação do núcleo de jornalismo da Rede Globo do Rio cobrando que eu enviasse diretamente a eles,   documentos comprobatórios das denúncias, já que a TV Bahia, repetidora da Vênus na Bahia, era de propriedade da família Magalhães.

Em outro momento, apareceu dentro do Bloco Pré Datado, do Sindicato dos Bancários, uns cartazes com um famoso ratão (Don Raton), com o rosto do serviçal da ditadura, que volta e meia era visto em manifestações. Embaixo da peça tinha a seguinte inscrição: Autoritarismo, Corrupção e Mentira. No outro dia pela manhã, a temível  SAVAC (grupo paramilitar que todos sabiam ser comandado pelo beija botas de generais) invadiu o Sindicato e destruiu os pirulitos que sustentavam os cartazes e agrediu as pessoas que lá estavam. Eu não sei de onde surgiu o boato de que eu seria o responsável pela confecção daquele material, e até hoje muita gente pensa ter sido eu. Após o ocorrido, fizemos uma denúncia pública da arbitrariedade. No dia seguinte, quebraram o vidro traseiro de meu carro onde tinha um adesivo explicando o significava a sigla ACM. Por “coincidência” passei a receber sucessivos telefonemas com ameaças de morte e assim tive que passar um um breve “exílio” em São Paulo até que as coisas esfriassem.

Podemos voltar agora à conversa com o jornalista? Acho que sim.
- O grampo tem muito a ver contigo.- Por que?- Porque você foi grampeado.- Logo eu?- Na primeira lista que tivemos acesso estão você, Geddel Vieira Lima e Nelson Pelegrino.- Porra, eu, um ilustre desconhecido, em meio a tanta gente famosa, que maravilha.- Então, queria te fazer uma pergunta.- Faça logo amigo, porque estou de pau duro num motel, e a menina tá toda molhadinha ali na cama me aguardando para uma surra de buceta.- Por qual razão ACM fez grampos em seu telefone?-  Deve ser porque aquele filho da puta não se conforma com a denúncia que fiz contra o esquema de corrupção no Banco do Nordeste que favorecia mais de 200 comparsas dele.- Que esquema foi esse?- Rapaz, isso é coisa antiga, uma  história longa. Não vou tratar disso aqui agora com você, neste exato momento que quero  é beber e foder.- Eu irei pra Salvador amanhã, posso falar contigo pessoalmente?- Pode.

Foi uma foda deliciosa aquela, no hora do almoço. Naquele mesmo dia e no seguinte o escândalo veio a público e o Brasil inteiro soube da rede de arapongagem montada pelo Senador do PFL. Passei a receber ligações de vários jornais e revistas e a pergunta era sempre a mesma: “por que você?”. Confesso ter ficado curioso na época, pois minha resposta não convencia nem a mim. Em meio a tanta gente importante, porque um ilustre desconhecido foi parar na lista do infeliz? Teria sido por conta do ratão? O grampo seria só por questões políticas ou por outra razão que desconhecia eu?  Foi a partir dessa reflexão que eu comecei a suspeitar de que as  crônicas de sacanagem que GalindoLuma divulgava poderiam ter alguma ligação com os grampos.

Por que? Porque todos na Bahia sabiam que o velho era descarado, gostava de putaria.  Comentavam à  boca pequena até que ele teria tido um caso com Madame Satã e um outro que tenho até vergonha de dizer aqui, já que seria mais escândalo.  Na lista do grampo, que depois teria chegado a cerca de 2 mil pessoas, o canalha grampeou até mesmo um advogado que se casara com uma ex-amante dele - uma jovem  que o dispensou, filha de um desembargador. Por conta disso circulou nos ambientes políticos que o velho era o famoso corno vingativo. É foda, não se respeita mais autoridades neste país.

No outro dia recebo o jornalista que viera de São Paulo.

- Estou aqui pra conversar com várias pessoas e não poderia deixar de falar contigo.- Me desculpe por ontem, hoje estou com mais  tempo.- Você acha que ele pode ter gravado alguma coisa que possa te comprometer?- Não, estou absolutamente tranquilo.- Você sabe que  é das pessoas com mais tempo gravado no  grampo?- Não, tou sabendo agora.- Você teria alguma outra razão para explicar essa fascinação dele contigo?- Tou achando que tem a ver com GalindoLuma.- Quem é GalindoLuma?- É meu heterônimo que adora sexo, sacanagem, pornografia, etc, e publica suas histórias de orgias sexuais na internet.  - E o que o senador tem a ver com isso?- Dizem que ele também gosta, e que chega a ele todos os conteúdos produzidos por GalindoLuma.- Então,  sua explicação é que por essas razões que  ele teria ouvido mais de 200 horas de conversas suas?- Sim. Mais recentemente  GalindoLuma passou a gostar  fazer sexo por telefone depois que a namorada viajou para a Inglaterra para um intercâmbio e todos dias eles tem orgasmos via ligações.- Então você acha que o velho ficava a ouvir essas sacanagens?- Estou convencido de que foi isso. Devia se masturbar e gozar com aquela pica velha ouvindo os diálogos.  Ele é tão safado quanto meu heterônimo.- Queria fazer a última pergunta.- Venha.- Tem uma mulher chamada Tatiane Galindo entre os gampreados, com muito tempo de gravação. É sua parente?- Minha prima.- Ela atua na política?- Não.- E imagina porque ela foi grampeada?- O tarado deve ter gravado todos meus parentes. Lá na família consta que Tati é viciada em sexo, e ele pode ter gostado de ouvir as conversas dela.- Estaria ela tendo um caso com o senador?- Tá Maluco? Duvido que Tati se envolveria com um caquético da pica murcha, ainda mais sabendo ela - que me ama - do ódio que tenho por aquele desgraçado.
Bem, essa minha versão não  foi publicada, mas deve ser  a  verdade. O que você acha?
(*) Geraldo Galindo é frequentador de casas de swing

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