As duas faces do Bolsonarismo legitimamente representadas. Por Dante Lucchesi* |
Ter, 25 de Outubro de 2022 03:42 |
Os episódios envolvendo dois dos maiores expoentes do bolsonarismo, o empresário Luciano Hang (mais conhecido como o “Velho da Havan”) e o ex-deputado Roberto Jefferson, demonstraram claramente o que representaria e reeleição de Bolsonaro. O primeiro, tentando convencer um prefeito a não lhe cobrar impostos, manda que este atrase os salários dos professores e demita a metade deles. O segundo, depois de violar as condições de sua prisão domiciliar e continuar cometendo crimes contra as instituições e o estado democrático de direito, recebeu os policiais federais que foram cumprir uma ordem judicial com tiros de fuzil e granada. Os dois se completam e revelam ao Brasil, de forma cristalina, as duas faces do bolsonarismo.
De um lado, a destruição dos serviços públicos de educação e saúde, bem como o fim de qualquer apoio à cultura e à ciência, com o sucateamento do estado, para direcionar o grosso dos recursos públicos à concentração de renda e ao lucro dos mais ricos, que deixam de pagar impostos ou simplesmente os sonegam impunemente. Do outro lado, temos o armamentismo, a política do ódio, o ataque brutal às instituições e à democracia, com a instalação do terror, da perseguição e do assassinato dos opositores, dos marginalizados e dos que fogem ao padrão do fundamentalismo religioso. Assim, dois dos maiores aliados e apoiadores de Jair Bolsonaro provaram de forma inconteste, mesmo para aqueles que ainda se aferram à cômoda posição da dúvida, que a reeleição do miliciano genocida vai mergulhar o país na barbárie fascista, com a implantação de uma ditadura que vai possibilitar, com a repressão violenta a todos os movimentos populares, o saque o patrimônio público, o aumento da miséria e marginalização, a devastação da Amazónia e do Cerrado e a implantação de um estado teocrático fundamentalista que vai manietar, a ciência a cultura e as artes. Não é á toa que todo o mundo civilizado e democrático está assistindo às eleições deste ano no Brasil, com muita apreensão. A eleição do presidente Lula representa, neste cenário, a última esperança para impedir que o Brasil fracasse definitivamente como uma nação democrática e civilizada. Não é sem razão que uma ampla frente política, que se estende da direita democrática à extrema esquerda, já se manifestou em defesa da eleição do presidente Lula, inclusive com a participação, que seria impensável até a bem pouco tempo, do empresário Amoedo, fundador do Partido Novo e do fundador do PSDB Tasso Jereisatti, e de economistas liberais de grande projeção, como Pedro Malan e Armínio Fraga. Resta saber se a sociedade civil conseguirá superar o uso criminoso de mais de 65 bilhões que Bolsonaro está gastando para sua eleição, com o apoio de um congresso fisiológico e corrupto, liderado por um gângster como Artur Lira e de toda sorte de crimes eleitorais cometidos pelo gabinete do ódio que despejam uma massa vertiginosa de mentiras calúnias e difamação, com o apoio de mercadores da fé, proselitistas do fundamentalismo e da intolerância religiosa e com o assédio de empresários criminosos que tentar obrigar os seus empregados a votar no miliciando genocida. Felizmente, tudo indica que a civilização e a democracia vencerão a barbárie, até porque Bolsonaro e seus aliados não conseguem dissimular o que são, não faltando inclusive atos de pedofilia e o cometimento de assassinatos brutais e covardes, por apoiadores do miliciano fascista. Assim, é bem provável que, em 30 de outubro, o Brasil começará a sair do pesadelo e da distopia em que mergulhou desde 1º de janeiro de 2019. * Dante Lucchesi é Sociolinguista e autor do livro Língua e Sociedade Partidas (Contexto, 2015). |
Última atualização em Seg, 19 de Dezembro de 2022 05:19 |
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