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Depressão? Sim, mata, talvez exatamente a quem já estava alvejado de morte. Por Rilton Primo
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Ter, 22 de Novembro de 2022 06:28
Rilton-PrimoChamam de doença, não sei o porquê. O processo tem sintomas, pode levar à morte até por inércia. Mas seria possivel trabalhar a hipótese de que pode ser, em algum caso ou em milhões, uma preguiça clínica chamar de doença? Ela já teve mais nomes, não? “Mal do século”, lembra? Os jovens se matavam na Europa inteira no XIX. Uma praga?
E os escravizados dos XVI a XIX? Em parte, morriam antes de cruzar o Atlântico ou logo depois, de uma “doença desconhecida” que eles chamavam de “banzo”, uma desolação psíquica, por ser expatriado. Saudade insanável, morriam dela. Sem comer, sem beber. Não havia um Esculápio, um Freud era útil?
Um suicida contemporâneo, urbano, no capitalismo subdesenvolvido, tem razões de sobra para não desejar nada mais, nem comer, se mexer, a não ser para acabar com a própria vida. Não foi Drummond quem disse que a noite escureceu tudo e que os suicidas tinham razão?
A vida do ser humano nesta latinoamérica é objetificada, e é de fato um subproduto de indústrias terceirizadas da manipulação, da superestrutura midiático-religiosa, jurídica e política. E, pelo que vi, na Europa é bem pior a lavagem dos cérebros. O suicida lá é manequim fora de moda, porca sem parafuso possível. Trepida na máquina até virar pó.
Aqui e lá somos "atores econômicos" estatisticamente impotentes entre a competição desleal, a trapaça, os serviços de espionagem industrial dos oligopólios, com seus satélites e meios de massa, Big Data. Os desejos são maquínicos, diria Deleuze e Guatari, esquizoides fancarias.
Se formos olhar, é caso a caso, e não é. Problemas pessoais heteronormativos, condicionados, concorrência generalizada de egos introjetada no seio das famílias, do mercado aberto, dilemas sutis, pueris, que se embaralham com os rumos à terceira guerra, novas crises e, de toda sorte, insolúveis quase. Não foi Rousseau que denunciou o sistema sujo médicos-mães que não mais amamentavam seus filhos, com argumentos de saúde, para, na verdade, deixar suas tetas para a lascívia dos amantes ou a metrossexualidade das meretrizes domésticas, nos chamados casamentos por interesse, como desvelaram Morgan, Bachofen, Engels? O que fazer da fase oral, sem a fase oral?
São convincentes os apáticos. Remédios a quase reanimar seu corpo e mente prostrados sim, os há. Indústrias se dedicam a eles dia e noite. Não há Diógenes que caminhe ante estes Zenões. Andar não adianta nada, sem o para onde? sem o para quê?
A vida quase nunca tem mais significado que o utilitário, hedonista e de curto prazo, disfarçado de devoção a princípios eternos, éticos e imateriais. Ratos de Skinner. Cães de Pavlov. Humano médio de o Emilio, entre o que quer, o que pode e o que deve. O caos hobbesiano como regra, a dos lobos canibais, o que, em verdade, é um desrespeito aos lobos e sua matilha unida.  Luta-se ou coopera-se amiúde inutilmente. Ansiolítico ao outsider cujos planos revolucionários foram, um após outro, solapados. A mão amiga é a do pagamento à vista, volte sempre, que é o mesmo que vá catar conchas no deserto. Então ou se tende a ser integrado ou apocalíptico, disse o Umberto, que não era nenhum dos dois, mas estava cercado deles e com razões.
Quase nunca se é mais útil que para o capitalista avesso a riscos fascistoide, o anti-arcebispo de olhos vermelhos, o alcaide traficante de fontes, a bolsa da deepweb, para a interesseira família, vaidosa-alienada, egocêntrico-injusta, costurada por desafetos e carências de afetos. Aí vai bem uma terapia de grupo, constelações, gestalt, mandalas, chás?
Até onde não sei, a depressão abissal é compreendida pelos próprios especialistas, em especial os de psicologia mística e de psiquiatria, pelo avesso. Usam medicamentos, técnicas, energias de cristais, onde falta anamnese, rebeldias desde a microfísica do poder de classe até a das ogivas dissuasivas intercontinentais. O ciclo, então, é retroalimentando e a solução paliativa faz parte do problema.
Rilton Primo
Consultor em Ciências Sociais Aplicadas | CEALA

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