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Mídia, televisão, e a morte da opinião por Gil Vicente Tavares
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Qua, 15 de Janeiro de 2014 06:31

Gil_Vicente_TavaresO domingo, no facebook, foi recheado de imagens do xou de Saulo no Parque da Cidade. O cantor fez uma homenagem a Dorival Caymmi e convidou a Orquestra Sinfônica da Bahia, Claudia Cunha, Luiz Caldas, Jussara Silveira e Aloisio Menezes numa celebração ao grande compositor, para mais de 10 mil pessoas.

Acordei hoje, segunda-feira, para levar minha mãe para exames de rotina. Na sala de espera, passava o jornal matinal da maior emissora brasileira. Como não gosto de TV, muito menos de telejornais, estava mexendo no celular quando vi, de relance, imagens de uma multidão. O jornal cobria um xou numa matéria grande, especial, de forma eufórica e expressiva. O xou de Saulo, cantando Caymmi, com OSBA e vários cantores reconhecidos? Não, o primeiro Sarau do Brown.

Em momento algum quis, e nem quero, aqui, fazer juízos de valor sobre os artistas, os projetos e suas estéticas. Contudo, fui para casa pensando em como a informação nos limita, nos condiciona e induz. Para quem assistia ao telejornal, a sensação de domingo foi o Sarau do Brown. Para quem tinha amigos em comum comigo, o grande acontecimento de ontem foi o xou do Parque da Cidade.

Deixei de assinar a Revista Istoé. A Época nunca me seduziu, a Veja é tendenciosa demais à direita e a Carta Capital tendenciosa demais à esquerda. O em cima do muro – muitas vezes negativo – da Istoé, bem como reportagens mais curtas e objetivas, juntando a tudo isso um ótimo desconto que tinha conseguido, fez-me assinar a revista por muito tempo apenas como um meio de informação.

Entretanto, deixei de assinar por causa de uma capa que me incomodou. Achei agressiva, equivocada, sensacionalista e pensei que eu não precisava ter uma revista semanal – à qual eu já fazia uma filtragem muito grande das matérias – tendo a internet com opiniões as mais distintas, onde eu poderia de graça optar sobre o que quero ler, em quem quero me basear, qual opinião me interessa dialogar.

Meu problema com a imprensa, notadamente a TV, não é tão grande quanto meu problema com o leitor/ouvinte/telespectador, e venho pensando sobre isso nalguns artigos, aqui, pro site. Ao redor do mundo, livros, documentários e filmes mostram o quanto a imprensa é tendenciosa; sempre na mão dos poderosos e dos grandes grupos políticos e empresariais. Cabe à gente filtrar informações, buscar opiniões diversas, desconfiar sempre das colocações radicais, extremistas, alarmantes e apocalípticas; bem como desconfiar das colocações apaziguadoras, relaxantes e otimistas demais, também.

Para quem viu o jornal da manhã, hoje, na TV, o grande acontecimento do domingo foi o Sarau de Brown. Para muitos, os mais de 10 mil que foram ao Parque da Cidade (não tenho os números do Sarau), o xou de Saulo foi um momento vibrante, um grande acontecimento não só do domingo, mas da cidade, nos últimos dias, ou semanas, sei lá.

Reforçou-se para mim aquela ideia óbvia, mas negligenciada pela maioria, de que a informação que nos chega pela imprensa é apenas uma visão, muitas vezes deturpada, discordante, exagerada, equivocada, tendenciosa ou seletiva.

Sempre que leio uma notícia, vejo uma imagem, uma manchete, prontamente vou saber de outras fontes uma opinião que confirme, relativize ou oponha-se à primeira. Num mundo de tanto acesso à informação, não podemos mais nos deixar sermos guiados pela escolha de um editor, de um repórter, de um colunista ou grupo de comunicações.

Toda vez que volto a estudar ou ler sobre determinado assunto, vou descobrindo equívocos por trás de equívocos que eu tinha, e o tamanho da minha ignorância. Há camadas e mais camadas a serem desveladas, e histórias e mais histórias a serem recontadas. Devemos ficar atentos ao que nos circunda, pois a todo momento tenta-se escrever uma história que não é condizente com o que sabemos dela. Podemos estar atentos e honestos, fazendo nossa parte. Afinal, “são demais os perigos desta vida”, já dizia o centenário poetinha.

Artigo publicado originalmente em http://www.teatronu.com/cultura-e-cidade/midia-televisao-e-a-morte-da-opiniao/

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