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Examinando os argumentos pró-Rachel: por Wilson Gomes
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Sex, 07 de Fevereiro de 2014 02:00

Wilson_Gomes2"Rachel falou o que pensa. Não tem mais liberdade de expressão neste país?". Tanto tem, que Sheherazade pode falar o que pensa do alto da bancada de um telejornal que passa no horário nobre da TV brasileira.

Mas há realmente algum peculiar mérito em se falar o que pensa? Qem pensa mal e não se autocensura, acaba falando o mal que pensa. Quem tem mérito é a jovem democracia brasileira, que não tolhe a palavra nem de quem pensa o mal nem de quem fala maldades.

"Rachel expressou a opinião de milhares de pessoas". De fato, mas isso é demografia e não democracia. Mais mérito teriam Hitler, Mussolini, Franco que expressaram a opinião e a vontade de milhões de pessoas. A questão não é quantos se sentem representados pela fala de Rachel Sheherazade, mas a qualidade moral e o teor democrático daquilo que Rachel pensa e diz. Uma ideia errada, maldosa, perversa e antidemocrática continua errada, maldosa e antidemocrática quanto é dita em solilóquio ou quando é proclamada em tribunas mediáticas para audiências de milhares que a aclamam. Não há um ponto na escala numérica que transforma o péssimo em sublime.

"Rachel é inteligente e bem articulada". Fosse fanha, gaguejasse ou fosse estúpida, isso não alteraria em nada o juízo moral sobre os seus comentários. Maldade não é sinônimo de estupidez, inteligência não é qualidade moral. Acho-a mais esperta que inteligente, mais articulada do que culta e sofisticada, mas isso não faz a menor diferença. Os temas de Rachel não contêm surpresa (são os mesmos do ultraconservadores americanos), os pontos nevrálgicos da sua "indignação" são previsíveis, e até o seu estilo, uma mistura de Sarah Palin com Datena, são bem conhecidos.

Rachel queria estar na Fox News, Rachel queria ser a musa do Tea Party, mas como não tem uma coisa nem outra, contenta-se em ser a representante dos crentes conservadores nas bancadas do telejornalismo, a porta-voz dos neoconservadores 2.0, a musa de Lobão. Que Deus lhe ajude a gozar de tão excelsas prerrogativas.

Wilson Gomes é professor da FACOM- Faculdade de Comunicação da UBBA

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