Entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu em média duas bibliotecas públicas a cada cinco dias |
Seg, 18 de Julho de 2022 20:01 | |||
Num período de cinco anos, entre 2015 e 2020, uma média de duas bibliotecas públicas fecharam as portas no Brasil a cada cinco dias, numa clara demonstração de descaso do governo federal com os equipamentos culturais. Em 2015, a base de dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) contabilizava 6057 bibliotecas. Em 2020, eram 5293, 764 a menos.
Nessa conta – que não considera bibliotecas escolares e universitárias, voltadas a públicos específicos -, estão inclusas aquelas mantidas por municípios, estados ou governo federal, destinadas à população em geral e consideradas equipamentos culturais, portanto, no âmbito das políticas do governo federal, sob responsabilidade da Secretaria Especial da Cultural, substituta do Ministério da Cultura, extinto na gestão Jair Bolsonaro. A informação é da BBC News Brasil, que revela também que dois dos estados mais ricos da federação – São Paulo e Minas Gerais – concentram 91% (698 unidades) do total de bibliotecas fechadas, sendo a maioria municipais. Segundo a reportagem, especialistas em biblioteconomia atribuem a redução do número de bibliotecas a um descaso do poder público com a população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias, e alertam que o número de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior, devido à atual fragilidade do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, após a extinção do Ministério da Cultura, e da falta de controle efetivo pelos sistemas estaduais, cujos dados alimentam o sistema nacional. “O Plano Nacional de Cultura, conjunto de objetivos para o setor em vigência desde 2010, cuja validade foi prorrogada por Bolsonaro até 2024, tem como uma das metas “garantir a implantação e manutenção de bibliotecas em todos os municípios brasileiros”. A perda de mais de 700 bibliotecas nos últimos anos deixa o país cada vez mais distante desta meta”, diz o texto, registrando também que entre 2004 e 2011, período dos governos Lula e Dilma, 1705 novas bibliotecas foram criadas e outras 682 foram modernizadas, por meio do Programa Livro Aberto. Fortalecimento de políticas públicas Em declaração à reportagem, a diretora técnica da Biblioteca Florestan Fernandes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e vice-presidente da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (Febab), Adriana Ferrari, disse que o número de equipamentos fechados pode ser ainda maior. “Não me sinto segura em assumir que foram só essas [764] bibliotecas que fecharam. Acredito que esse número pode ser ainda maior, porque vemos um sucateamento há anos de todo o sistema de acesso à informação, à leitura, à cultura e das bibliotecas em si”, declarou. Ela defende o fortalecimento de políticas públicas para reverter os retrocessos e destaca que biblioteca não é só um espaço do livro e da leitura. “É uma porta de infinitas possibilidades, de abertura de repertórios culturais. São espaços de encontros, de pertencimento, então elas vão além das coleções”. Dimensão estratégica da cultura Nas diretrizes do programa de governo da chapa Lula-Alckmin, que está em construção com participação popular, a cultura tem papel de destaque. A diretriz 25 diz que a cultura é uma dimensão estratégica do processo de reconstrução democrática do país e da retomada do desenvolvimento sustentável. O programa defende amplo direito à cultura, fortalecimento das instituições culturais, recomposição do financiamento e do investimento, criando condições para a qualificação, ampliação e criação de política, fortalecimento da memória e da diversidade cultural, valorizando a arte, a cultura popular e periférica, garantindo a plena liberdade artística e, assim, qualificando as relações sociais por meio do fomento a valores civilizatórios e democráticos.
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Última atualização em Ter, 19 de Julho de 2022 00:07 |
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