É notório que a direita brasileira especialmente aquela articulação de forças que sempre ocupou o poder de Estado e o tratou como propriedade privada (patrimonialismo), apoiada pela midia privada e familiar, estão se aproveitando das manifestações massivas nas ruas para manipular esta energia a seu favor.

Pesquisador e professor de antropologia do Museu Nacional (UFRJ) e sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), Viveiros insiste em que só pela educação avançaremos rumo a uma sociedade mais democrática.

Colunistas, editorialistas, enfim, comentaristas em geral da grande mídia partidarizada estão eufóricos. Demorou uma década inteirinha para o governo federal regido pelo PT perder a boa imagem entre a maioria absoluta dos brasileiros, mas, finalmente, aconteceu.

O que aprendemos com o mês que, a rigor, não terminou. Nós, estudiosos dos climas sociopolíticos e culturais, estamos longe de poder apresentar conclusões sobre os significados dos atos públicos ocorridos neste junho de 2013 que reuniram milhões de pessoas nas ruas de um significativo número de cidades do Brasil.

A escolha de um parceiro amoroso adequado vai facilitar o início e o desenvolvimento do relacionamento, contribuir para ele que seja mais satisfatório e dure mais tempo.

Os dois argumentos principais contra o plebiscito para reforma política transitam entre o cinismo e a demofobia. O primeiro deles é que, nas ruas, poucos pediram alteração do sistema institucional --apesar do apoio de 68% dos eleitores, detectado por pesquisas como a do Datafolha, à proposta da presidente Dilma Rousseff.

Filósofo e colunista de CartaCapital afirma que partidos não devem deter o monopólio da estrutura de representação social do País

Enquanto perdem fôlego e amainam as manifestações de protesto que afetaram o País nas últimas semanas, está na hora de procurar entender seu significado.

Marcelo Neri, presidente do Ipea e ministro interino da SAE, não poderia ter sido mais honesto - e corajoso - ao identificar com clareza o perfil das manifestações de junho. E as reações à fala dele, de que a periferia não está presente no piquenique cívico montado nas ruas, revelam muito do grau de manipulação envolvido no tema.

O teórico do lulismo diz que as manifestações de rua abriram um ciclo longo de mobilizações que colocarão o governo e o país diante de escolhas cruciais.