Nesta terça-feira, 22 de maio, o Goethe-Institut Salvador-Bahia promove uma sessão dupla de cinema motivada por dois dos residentes do seu Programa de Residência Artística Vila Sul. Às 17h30, na biblioteca do instituto, será exibido o filme “Quaseilhas”, realizado pelo escritor e artista digital Jonathan Dotse, vindo do Gana. Depois, às 19h, no Teatro do Goethe, será a vez de “The lady of Osogbo”, escolhido pela princesa Adedoyin Olosun (Nigéria), que fará um bate-papo em seguida. Ambos são abertos ao público e gratuitos.

O primeiro filme é uma produção em 360° para realidade virtual, feito por Jonathan Dotse a partir do espetáculo QUASEILHAS, de Diego Pinheiro, que teve temporada de estreia no mês de abril em Salvador. A peça transita entre as lacunas da memória afro-diaspórica com memórias familiares do criador e dos seus colaboradores, entre visualidades, canto e performatividades. QUASEILHAS é a primeira obra cênica autoral brasileira integralmente em idioma africano, o yorùbá. O filme mostra trechos do trabalho e será visto com óculos especiais de realidade virtual. Jonathan estará disponível para conversar com os interessados.

Já “The lady of Osogbo” (2005), de Pierre Guicheney, filme em inglês com legenda em português, fala da floresta sagrada de Osun Osogbo na Nigéria, declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 2005. Esse reconhecimento a um local acalentado pela tradição Yorubá é a feliz conclusão de meio século de lutas lideradas sob o comando de deuses africanos por uma artista austríaca que tinha 90 anos quando o filme foi produzido: Susanne Wenger. A artista foi iniciada nos níveis mais altos do culto Yorubá e acompanhada em sua batalha por um grupo de artistas e sacerdotes que restaurou e recriou com ela os templos da floresta dedicados aos Orixás.

SOBRE OS RESIDENTES – Escritor de ficção científica afrofuturista e artista de hipermídia digital, Jonathan Dotse estudou Ciências da Computação e Psicologia na Universidade de Windsor, no Canadá, e se formou na Universidade Ashesi, em Gana, como bacharel em Sistemas de Informação de Gestão. Criou o blog AfroCyberPunk em 2010 para explorar o potencial criativo da ficção científica africana e, desde então, publicou vários artigos e contos em várias publicações impressas e online. Está atualmente trabalhando em seu primeiro romance, um mistério/suspense de cyberpunk que acontece em Accra no ano de 2057. Já dirigiu e desenvolveu uma série de produções de realidade virtual. Em janeiro deste ano, lançou o AfroCyberPunk Interactive, estúdio e editora digital que visa a lançar novas formas de conteúdo imersivo e interativo e que encapsula um amplo espectro de tradicionais e novas mídias em experiências contínuas e multidimensionais.

Vinda de uma tradicional família real nigeriana, Adedoyin Olosun cresceu sendo treinada por diferentes sacerdotes, sacerdotisas e vários novos artistas sagrados para desenvolver atividades tradicionais, incluindo têxteis e pinturas. É certificada em Literatura Oral Yoruba pelo Departamento de Línguas e Literaturas Africanas na Universidade Obafemi Awolowo Ile-Ife. É bacharel em Artes (Yoruba) pela Universidade de Ilorin (2001) e mestre em Estudos Africanos pela Universidade de Ibadan (2005). Já participou de atividades artísticas, culturais, tradicionais e acadêmicas em Portugal, França, Alemanha, Áustria, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil. Na Nigéria, recebeu diversos títulos e prêmios, civis e acadêmicos, que reconhecem a sua contribuição para a promoção e preservação da ancestralidade da religião e da cultura do país e da Diáspora.