A exposição, que conta com o apoio do Senac, promete apresentar a beleza implícita no cotidiano da feira de São Joaquim, diga-se de passagem a maior feira livre da capital, levando o público através de uma viagem imagética e sensorial que tem como ponto de partida a fotografia captada durante o dia a dia da feira.

Ponto peculiar à exposição será a transposição do universo feirante para a galeria de arte. A ideia, que vai ao encontro do feitio artístico contemporâneo, é “quebrar a sacralidade do ambiente artístico dos museus e galerias para fazer com que o público imirja diretamente no universo retratado fotograficamente”, adverte o artista. Para isso a produção do projeto tratou de fazer extensa pesquisa sobre o material a ser usado como suporte para a fotografia de forma que este condissesse com o universo da feira sem que isso atrapalhasse ou desprezasse a estética necessária a uma mostra artística ambientada em museus ou galerias de artes.

Quem visitar a exposição também terá a oportunidade de conhecer a matéria prima produzida e vendida na feira, usada como suporte para a fotografia.  “A intenção é levar o público a vivenciar a arte através de uma experiência multissensorial. A pessoa que entrar na galeria não somente verá as fotos, mas também terá acesso, através do tato e do olfato, às sensações peculiares ao ambiente feirante”. Esclarece Lila Pavanelli, produtora da amostra, falando sobre os adereços importados da feira e que estarão dispostos na galeria, sejam como suportes para as fotos, como caixotes, tabuleiros e esteiras de taboa, ou folhas e ervas para banhos, dispostas em cestos típicos para aromatizar o ambiente e serem tocadas pelo público.

A exposição, segundo o artista, também foi concebida como um instrumento de afirmação da cultura popular baiana, sobre tudo a de herança afrodescendente. “Essa é uma forma de homenagear àqueles que contribuíram de forma positiva para a consolidação e diversidade de nossa cultura, mas que nem sempre têm seu devido reconhecimento”, conta Soares enfatizando que algumas das fotos deverão vir legendadas por poemas e frases próprias e de diversos autores a respeito do tema, como uma espécie de reforço e afirmação ao que é mostrado.

Para a realização do trabalho o artista conta que foram necessárias inúmeras visitas a feira, onde permanecia por no mínimo duas horas andando pelo local. Primeiramente sem equipamento, oportunidade aproveitada para poder sentir o ambiente da feira como uma pessoa comum, comprador ou vendedor, para em seguida, “já munido do caudal de sentimentos comuns ao universo a ser fotografado, fazer o registro das imagens de forma mais sutil e menos invasiva possível”, revela o artista.

Com entrada franca a exposição fica em cartaz até o dia sete de junho de 2016.

Ugo Leonardo Soares nasceu em Salvador/BA. Jornalista de formação tem atuado paralelamente em diferentes canais de expressões culturais Brasil afora. Com três livros publicados na área da literatura – Anjo Fugaz, 2010 (coletânea); Refazendo Poesia, 2011 (Individual); Bocas, 2012 (coletânea) – O artista está sempre à procura de compartilhar e expressar sua visão de mundo através do viés artístico. Ele também viveu por mais de 15 anos no Sudeste, em cidades do estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais, oportunidade usada para conhecer e viver os vários Brasis, além de reafirmar a sua própria cultura nordestina. Na área do audiovisual, como diretor de cinema, Soares possui um curta metragem e um documentário no currículo, ambas produções independentes. Além de já ter participado de diversas comissões de júri para festivais de cinema e música independente. Atualmente vive no Centro Histórico de Salvador e trabalha como freelancer jornalístico e fotográfico.