De um lado o Museu Eugênio Teixeira Leal e toda a tradição que remonta o cenário histórico do nosso país. Do outro, o artista das adjacências, Rafael de Jesus, natural da cidade de Pojuca que fica localizada a 65 km da capital baiana. Em maio deste ano, os dois personagens se encontraram e dessa parceria rendeu a exposição: Heróis Negros da Etnia Brasileira.

De acordo com o artista, que fará a sua primeira exposição na capital Baiana, o evento tem como objetivo principal, levar conhecimento através da arte. “Um dia estava navegando na internet e me deparei com a informação que contestava a etnia do escritor Machado de Assis. Se o mesmo era mulato ou branco e acabou que ele é negro, pelo menos diante das minhas ideias ele é sim. Mas essa discussão, pequena diante de sua obra, não é proposta nas escolas. Pelo menos nunca na minha época. Daí elenquei meus heróis brasileiros e no final percebi que todos eram negros, logo, etnicamente brasileiros. Daí montei a ideia da exposição e levei até o Museu com a finalidade de que os jovens conheçam a nossa história através da arte”, declarou Rafael de Jesus.

As obras que retratam ícones como Mãe Menininha do Gantois, Pelé e Lampião estarão expostas na Galeria que leva o nome do primeiro proprietário das terras de Pojuca (de onde vem o artista Rafael), Francisco Sá – fato que foi uma coincidência descoberta pelo Museu e pelo artista após a aprovação do edital.

São 15 quadros e uma escultura, obras que segundo Rafael, provoca a necessidade de pensar. “Eu não gosto de pintar por pintar e também não gosto de apontar somente o problema, gosto de trazer a solução. Acredito que inquietar a sociedade com quadros que contem um pouco da nossa história e com personagens que destoam da indústria cultural é fomentar o que gosto: fazer pensar. Acredito que através da arte, da cultura e da mobilização social o nosso país vai desenvolver uma geração pensante, consciente e capaz de criar uma história mais rica, mais humana e ética”, declarou o artista.

Para o Museu Eugênio Teixeira Leal, as exposições devem estar abertas a qualquer público, visando democratizar o acesso e fortalecer o exercício da cidadania. Os museus são espaços de educação onde podem utilizar diversas linguagens para transmitir e discutir mensagens que contribuam para o enriquecimento intelectual da comunidade.

As exposições temporárias sempre são incluídas nas atividades educativas da Instituição, pois em cada uma delas existe uma comunicação capaz de transmitir reflexões críticas. Esta exposição, especialmente, traz um tema tão importante a ser discutido com o público, que foi inserida na programação especial da Primavera dos Museus - evento de nível nacional, promovido pelo Instituto Brasileiro dos Museus – IBRAM, e marca a chegada da nova estação.