Experimentos vivenciados no dia a dia, com o olhar atento às idiossincrasias particulares e partilhadas. Esse é o caminho traçado para a mostra Sobre sonho e silêncio, que ganhou forma e movimento seguindo o estilo “ocupação”, exposta no Café Walter (Biblioteca Pública da Bahia, nos Barris), aberta ao público, gratuitamente, entre os dias 18 de janeiro a 15 de fevereiro de 2015. Na arte de Juliana Bestetti, as percepções do mundo representam um pouco mais do que uma simples consideração da vida: revelam um olhar delicado, preciso e inspirado, em louças ilustradas, desenhos em paredes e outras técnicas que compõem o repertório de criação da artista, tudo sob o olhar atento e cuidadoso da ativista cultural Andrea May (aka Happy Downlady), que assina a expografia.

“A ocupação acontecerá em processo de montagem criativa no próprio espaço. Logo, uma parede vira um livro onde Juliana narra suas histórias com simbologias de traquitanas mentais, que nem sempre são possíveis de decifrar, mas que vale muito conhecer para entender que sentimentos partilhados em imagens nem sempre são tão óbvios”, explica Andrea. E o não tão óbvio passa a ser outro convite da mostra, que oferece a experiência de experimentação do olhar criativo ao expectador.

O convite para a ocupação de Bestetti surgiu do próprio espaço Café Walter, que dá continuidade a ações de estímulo à arte, como em 2014, que recebeu, durante todo o ano, diversas intervenções, de diferentes formatos e linguagens, como o Dominicaos - espaço livre para intermediações, diálogos e desdobramentos artísticos, coordenado pelo Caoscoletivo e o Cafofeira no Café, concebido pela expositora de agora, Juliana Bestetti, para mostrar ao público um recorte das produções independente da cidade.

Sobre sonho e silêncio trará aos visitantes a possibilidade de conhecer um pouco do universo simbólico e criativo da artista, por meio do que ela mesma elaborou entre argúcias, sonhos e silêncios.  “É um projeto especial, íntimo que estou desenvolvendo com a benção e o olhar de Andrea May. São momentos delicados, expressos em algumas poucas palavras e em desenhos simples, orgânicos e sensíveis”, diz a artista.

Nascida em Salvador, Juliana Bestetti acredita que sua arte se sustenta na crença e nas observações que tem sobre as delicadezas da vida. Na hora de se descrever, revela um caminho pouco linear, distante das convenções e das normas padrão. “Eu sou aquariana. Já nasci com o viés meio torto. Fugi da escola, da academia e fui desbravar as ruas.