A jornalista e escritora Symona Gropper lança a biografia Diógenes Rebouças – O arquiteto da Bahia na próxima segunda-feira (31 de agosto), às 20 horas, no foyer do Teatro Castro Alves. A sessão de autógrafos será precedida por uma mesa-redonda e integra a programação da exposição Cidade, Arquitetura, Patrimônio, inaugurada neste mês no TCA.

O livro parte da Coleção Gente da Bahia, patrocinada pela Assembleia Legislativa da Bahia para preservação da memória sobre homens e mulheres que se destacaram nos mais diversos campos de atividade. "Meu objetivo foi escrever uma biografia também para o público leigo em arquitetura e uma tentativa de corrigir uma tremenda injustiça: surpreendentemente, as pessoas com quem eu conversava sobre o que estava fazendo não tinham a mais vaga ideia de quem havia sido Diógenes Rebouças!", explica Symona Gropper.

Por meio de longas entrevistas com parentes, amigos, pesquisadores, ex-colegas e ex-alunos do biografado, Symona Gropper também se empenhou em revelar não apenas o aspecto profissional de Diógenes Rebouças, mas também seu lado de homem de carne e osso, mostrando seus defeitos e qualidades, suas contradições, sua profunda ética e seu senso de humor inesperado, muitas vezes cáustico.

Sobre a biografia, observa na contracapa do livro o arquiteto e articulista Paulo Ormindo de Azevedo, que foi aluno e colaborador do biografado: "Faltava um estudo relacionando o arquiteto-urbanista com as pessoas com quem conviveu e como esta relação influenciou sua obra. Esta lacuna foi preenchida com Diógenes Rebouças, o arquiteto da Bahia, de autoria da escritora e jornalista Symona Gropper."

"A autora não conheceu pessoalmente Diógenes Rebouças, mas resgatou todas as informações e impressões disponíveis daqueles que conviveram com ele: ex-alunos, parentes e amigos. Este distanciamento do personagem permitiu criar um perfil muito equilibrado e fiel do retratado, um personagem genial e genioso. E faz isto com muita elegância", acrescenta Paulo Ormindo.

UM HOMEM TÍMIDO

Ao traçar o perfil biográfico de Diógenes Rebouças, Symona Gropper se empenhou em divulgar as importantes obras arquitetônicas que ele projetou, desde o antigo e emblemático Estádio da Fonte Nova até o tradicional e elegante Hotel da Bahia.

Infelizmente, várias delas foram destruídas ou descaracterizadas ao longo do tempo. O Estádio Otávio Mangabeira – que se harmonizava com a paisagem do Dique do Tororó desde os anos 1950 – foi implodido e substituído pela Arena Itaipava, o Hotel da Bahia sofreu reformas, residências projetadas pelo arquiteto foram demolidas.

Apesar de autor de projetos que marcaram definitivamente a paisagem urbana da cidade – como as avenidas Contorno e Centenário –, Diógenes Rebouças era um profissional que não cortejava nem a fama nem a fortuna. Muito tímido e avesso à autopromoção, contentava-se em fazer seu trabalho sem alardes e ensinar o ofício aos estudantes de arquitetura da Universidade Federal da Bahia.

"As raras entrevistas, a ausência nas colunas sociais, a fuga do sucesso fugaz, das comendas e das honrarias atestam o modo de vida modesto desse arquiteto-urbanista pioneiro do modernismo baiano", escreve a autora.

Entre os aspectos pessoais de Diógenes Rebouças, a autora acrescenta, no texto: "Gostava de mulher. Mas sempre muito discretamente. Notava-se a sua atração pelo sexo feminino no olhar, no jeito de tratar o sexo oposto. Teve diversas paixões. Mas esse era um espaço proibido. Não conversava de coisas pessoais nem com os que ele considerava seus amigos".

TELAS PRECIOSAS

Paulo Ormindo de Azevedo acrescenta, ainda, na contracapa da biografia: "Diógenes Rebouças foi uma das figuras mais importantes de meados do século XX na Bahia, embora pouco reconhecido por seus contemporâneos devido a seu temperamento fechado e avesso a promoções. Ele foi, entre 1941 e 1963, praticamente o arquiteto oficial da Bahia, da administração de Landulfo Alves a de Juracy Magalhães."

No livro, Symona Gropper mostra que o baiano Diógenes Rebouças (1914-1994) era um homem de múltiplos interesses e talentos. Além de arquiteto-urbanista e professor de arquitetura, era também engenheiro agrimensor e artista plástico. "O que Diógenes Rebouças não conseguiu salvar com a sua ação, salvou com os seus pincéis", afirma o historiador Cid Teixeira.

E Paulo Ormindo completa: "Prevendo o urbanicídio de Salvador, ele procura resgatar em óleo a cidade que ainda alcançou e que começava a ser destruída. Durante dez anos, ele reconstruiu 70 cenas de Salvador". Essas belas telas – boa parte delas reproduzidas no livro – já puderam ser apreciadas no Museu da Bahia, durante a exposição realizada, no ano passado, como parte das comemorações do centenário de nascimento do arquiteto.