Três importantes intelectuais femininas são as convidadas da Primavera Literária, evento que acontece de sexta-feira a domingo (23 a 25/9) em Salvador, para um debate sobre o espaço destinado às mulheres na literatura. As escritoras Cidinha da Silva e Goli Guerreiro, ao lado da acadêmica Milena Britto, comandarão a mesa com o tema “Escrever…verbo feminino”, que ocorrerá no domingo (25), das 11h40 às 13h, na Galeria da Cidade do Teatro Gregório de Matos. O bate-papo será aberto ao público.
“As mulheres serão as protagonistas, mas os homens são nossos convidados para dialogar. Isto não é muito usual, mas importante”, ressalta Cidinha, autora de nove livros, sendo seis deles de crônica. O bate-papo vai trazer temas como a importância do olhar feminino na literatura, através do posicionamento das duas escritoras convidadas. “O feminismo tem entrado cada vez mais como tema nas discussões diárias, e a literatura tem que fazer isso também. Não é uma questão de a mulher se opor ao homem, mas de transformar este espaço”, explica Milena Britto, que é professora da UFBA e responsável por mediar o encontro.
Durante o debate será levantada ainda a questão étnica, que é bastante presente nos trabalhos das escritoras Goli e Cidinha. “A mulher já é invisibilizada. Se for negra, mais ainda”, pontua Milena. Para ilustrar a conversa, Cidinha irá contar sua vivência como mulher negra e cronista, que traz do cotidiano a inspiração para seus textos. “Eu vou falar a partir deste lugar, desta pessoa que está no mundo, observando e escrevendo sobre ele”, conta a autora mineira, que mora em Salvador e que escreve crônicas, contos, poesia, literatura infantil, tem projetos para romances e quadrinhos.
Grande contribuição para a discussão, a baiana Goli Guerreiro, pós-doutora em antropologia e escritora, modelou o conceito de terceira diáspora sobre trocas culturais pós-internet e, na Primavera Literária, contará um pouco sobre seu primeiro romance, “Alzira está morta”, fruto do segundo pós-doutorado em Letras. O livro é uma ficção histórica no mundo negro do Atlântico, vencedor do Selo Literário João Ubaldo Ribeiro, que conta a história de uma mulher negra que não está na posição da subalternidade. “Alzira é cosmopolita, livre, que foge dos estereótipos. Não é ex-escrava e consegue realizar uma vida cheia de possibilidades. Ela, na ficção, contracena com mulheres reais que fizeram grandes mudanças na história cultural e que são invisibilizadas”, conta Goli Guerreiro.
Sobre Primavera Literária - A Primavera Literária é um evento que busca fazer da literatura um convite para o debate de temas atuais e propõe o diálogo entre a cena editorial local e o mercado editorial brasileiro. Além de oficinas de ilustração, a feira propõe mesas de debate, palestras e conferências, além de venda de livros com descontos de 23 editoras e show de Lucas Santtana. As atividades envolvem grandes nomes da literatura do país, como o poeta carioca Chacal, o poeta mineiro Ricardo Aleixo e o cientista político Luiz Pericás, que acabou de ser eleito o intelectual do ano.
A feira literária é promovida pela Liga Brasileira de Editoras (Libre), com a produção local da Multi Planejamento Cultural e patrocínio do BNDES, através da Lei Rouanet do Governo Federal. |