As nuances da música de matriz africana, sua diversidade e riqueza rítmica, em combinação com a complexidade da música erudita, de linhagem europeia. Dois universos aparentemente distantes fundem-se no projeto Toada Ancestral – Gerônimo e Orquestra Afrosinfônica, que chega a Camaçari, dia 6 de março, às 19h, no Teatro Cidade do Saber, com entrada franca e classificação livre. A iniciativa dos artistas baianos apesenta um repertório atual e vibrante, com composições que exaltam a ancestralidade religiosa africana e enriquecidas com arranjos que dialogam com a tradição das culturas eruditas.

O projeto é patrocinado pela Natura, resultado do edital Natura Musical e através do programa estadual de incentivo FazCultura. A realização é da Fábrica da Palavra e a produção, da Sole Produções, com apoio da Salamandra Produções. O Toada Ancestral já cumpriu duas de suas etapas, em Salvador e São Paulo. O encerramento, em Camaçari, também vai gerar um DVD gravado ao vivo, dando continuidade, assim, aos objetivos do projeto: registro e difusão de uma pesquisa singular na cena musical contemporânea.

Só nesta última etapa o Toada Ancestral será em um teatro - as outras apresentações aconteceram em espaços público. Um dos motivos é que uma casa de espetáculo abriga condições técnicas mais adequadas para o registo audiovisual, proporcionado uma produto final compatível com a qualidade artística das apresentações ao vivo.

O Toada Ancestral é desenvolvido por Gerônimo - um dos maiores artistas do cenário baiano e espécie de guardião da música brasileira de raiz feita na atualidade -, em parceria com a Orquestra Afrosinfônica, do maestro Ubiratan Marques.  Gerônimo vem amadurecendo e lapidando a ideia da mistura entre o erudito e popular num formato sinfônico desde os meados dos anos de 1990, quando Ubiratan era então tecladista da sua banda Mont Serrat. Mesmo após a ida do instrumentista para o estado de São Paulo, onde realizou estudos de composição e regência, ambos os artistas continuaram suas pesquisas e criações dentro das matrizes rítmicas e harmônicas da música africana.

Quem:

Gerônimo Santana, um dos artistas mais respeitados da música baiana, é cantor, compositor, instrumentista e bailarino afro, autor de vários sucessos e composições gravadas por A Cor do Som, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Margareth Menezes, Carlinhos Brown e Daniela Mercury, dentre outros. Uma marca do seu trabalho é a polirritmia, que justifica a utilização vasta e frequente dos ritmos que pesquisa. Dentre os que mais aparecem estão a lambada, ijexá, aguerê, afoxé e adarrum, misturados com influências africanas e caribenhas. Com uma discografia de dez trabalhos, é presença ativa na cena independente e dinâmica cultural da Bahia, realizando há dez anos o projeto Pagador de Promessas, na escadaria da Igreja do Passo, no Centro Histórico de Salvador.

Ubiratan Marques foi integrante da banda Reflexu's, que vendeu mais de um milhão de cópias na década de 1980, foi um dos colaboradores mais ativos do início da explosão da axé music. Fez  arranjos sinfônicos para Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Mariene de Castro e Martnália. Morou em São Paulo durante 12 anos, fez os arranjos para a Orquestra Jazz Sinfônica, compôs trilhas sonoras para filmes, foi responsável pela direção musical de diversos concertos, fez arranjos de discos, além de parcerias com artistas como Gerônimo, José Miguel Wisnik e Maria Dapaz. Em 2007 voltou a residir em Salvador e em 2009 criou a Orquestra Afrosinfônica, que rapidamente conquistou destaque no panorama artístico do estado. Para saber mais: http://www.orquestraafrosinfonica.com