Em única apresentação, no dia 29 de maio de 2015, das 21 às 23 horas, a cantora Vércia traz, para a Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho, o emblemático show Vércia & Muriquins, num repertório que convida as mais exigentes audições a prestarem atenção num canto de mulher que valoriza a canção brasileira em suas vastas possibilidades de expressão. Acompanhada por sua banda Muriquins, formada por Gabriel Barros (Guitarra), Marcelo Rocha (Baixo), Ricardo "Cara de Rato" (Percussão), Marcus Santos (Bateria) e Artur Costa (backing vocal). A direção musical é de Marcus Santos e a direção cênica de Maria Prado de Oliveira. Além dos êxitos vocais da cantora, esta noite, com cara de especial estreia, contará com as participações luminosas dos cantores Carlos Barros, Dão e Viviam Caroline.

O repertório vai da inédita Iansã (Hugo de Castro Alves, Lua Marina e Bruno Ribeiro), com a qual concorreu ao Prêmio Caymmi de Música, até a conhecidíssima Brilho de Beleza ( Nego Tenga), passando por A carne (Marcelo Yuka/Seu Jorge/Wilson Capellette), Que bloco é esse ( Paulinho Camafeu), entre outras, o que faz a cantora afirmar: “A apresentação se inicia com uma abertura impactante, fazendo referência ao mundo negro, através de pontos entoados pelas religiões de matriz africana, bem como de canções do cancioneiro popular. Tudo isso é temperado pelos riffs de guitarra e elementos da música brasileira contemporânea, chegando-se a um forte número, que leva o público a entregar-se ao prazer da dança e à emoção do momento.”

Prazer de cantar

Vércia nasceu em Cachoeira, mas desde cedo se radicou com sua família em Salvador. Nunca esqueceu a musicalidade do Recôncavo e nem as influências musicais do candomblé, para ela que praticamente nasceu num dos mais tradicionais terreiros jejes do Brasil, o Seja Hundê de Cachoeira. Morou alguns anos em Itabuna, voltando para Salvador para estudar Letras na UFBA e fazer o que mais ama na vida: cantar. Em  2012 acontece o lançamento do primeiro EP e uma etapa decisiva a define quanto ao estilo:  “ passa a se entender como intérprete da música negra, em suas nuances”, como ela mesma diz, e este trabalho levou o seu som  para Uberlândia (2012), Itália (2013) e Brumado (2013).

Mais que revelação

É difícil viver de música numa cidade como Salvador, embriagada pela indústria do Carnaval, sem uma indústria cultural inclinada a ampliar as possibilidades, e cheia de gente musicalmente talentosa. Mas, Vércia chega para além da revelação. Uma voz que rasga e emociona, o suingue da cor, que valoriza cenários antropológicos e históricos de nossa gente, configura nossa inventividade, sem apartar o corpo dos seus ouvintes de balançada audição que empurra a todos para a dança livre, até mesmo quando sob o peso de reflexões como o racismo vigente na Bahia e no Brasil.