Numa programação compartilhada, os músicos mineiros de O Grivo e o compositor baiano Pedro Filho Amorim apresentam duas maneiras de pensar som e cena numa mesma noite. Uma combinação para aguçar a escuta e perceber novas maneiras de pensar composição e encenação de música contemporânea.
PEDRO FILHO AMORIM (BA): Instruções de Escuta Pedro:
O que aprendi me obriga a agir aquém do que não sei. As instruções que recebi me ensinaram os limites do que vejo. Tudo que acontece é mais do que percebo. Minha escuta opera onde não vejo, ouço o que não sei e o que ainda não compreendo. O silêncio é um ideal mal trabalhado. Música dá forma ao tempo.
"Instruções de Escuta" é um trabalho de criação particular de música interna, que se relaciona de forma individual com cada pessoa, de maneira que, embora haja um espetáculo de regência, não há público, já que a música é feita por todos, mas idealmente compartilhada por ninguém.
Pedro Filho Amorim é compositor, multi-instrumentista, artista intermídia e educador. Acredita que música se faz até mesmo com sons.
O GRIVO (MG): Maquinário:
Em fins de 1990, O Grivo realizou seu primeiro concerto em Belo Horizonte, iniciando suas pesquisas no campo da "Música Nova". Interessado na expansão do seu universo sonoro e na descoberta de maneiras diferentes de organizar suas improvisações, o grupo busca por "novos" sons e por possibilidades diferentes de orquestração e montagem. Eles pesquisam fontes sonoras acústicas e eletrônicas, com a construção de máquinas e mecanismos sonoros, e com a utilização, não convencional, de instrumentos musicais tradicionais.
Em consequência desta pesquisa, que leva ao contato com os objetos e materiais mais diversos, cresce a importância das informações visuais e da sua organização nas montagens do grupo. A isto se soma um diálogo, também ininterrupto, com o cinema, vídeo, teatro e a dança. Nas instalações/concertos, o espaço de fronteira e interseção entre as informações visuais e sonoras é o lugar onde se constrói a experiência com conceitos como textura, organização espacial, sobreposição, perspectiva, densidade, velocidade, repetição, fragmentação.
A proposição de um estado de curiosidade e disposição contemplativa para a escuta e a discussão das relações dos sons com o espaço são as ideias principais sobre as quais se apoiam os trabalhos. No show, os músicos interagem com várias traquitanas e engenhocas sonoras, criando ambientes musicais e climas sonoros diversos, orientados sempre pelos sons produzidos pelas máquinas. |