O Café-Teatro Rubi une música e teatro em projeto que revisita umas das datas mais simbólicas da nossa história, a Independência do Brasil. O Show da Independência, que estreia 4, 5 e 6 de setembro, coloca no palco o cantor Gerônimo e o ator Urias Lima, num cruzamento de linguagens que explora o repertório autoral do compositor e narrativas extraídas dos livros 1808, 1822 e 1889, sucessos de vendas internacionalmente . Com concepção cênica de Eliana Pedroso, gestora do Café-Teatro Rubi, a iniciativa é resultado de um convite feito aos dois artistas envolvidos, para que se debruçassem sobre a riqueza que envolve a data comemorativa, seus personagens, fatos e circunstâncias, com uma visão particular, divertida e artística.

Para compor o repertório, por exemplo, Gerônimo selecionou músicas referentes ao tema, compostas por ele ou em parceria. Entre elas, estão Marujada de Quebra Ferro, feita com Vevé Calazans ("Na batalha naval portuguesa/ sangue real derramou/ eles de canhão, nós de flecha/ a guerra assim era boa/ e quando a guerra esquentava/ mais a caboclada gostava"); Fumo e Mel, com Walter Queiroz ("O galo cantou/ lá em alta serra/ viva bisavô/ que morreu na guerra"); e Fado de D. João ("Pois o mar que sempre sobe/ em seu coração irá/ te fará muitos cortejos/ e em teu seio ficará").

Nelas, o compositor mantém seu perfil artístico irreverente e sua aproximação com os ritmos populares do Brasil, que sempre estiveram presentes em sua obra, bem como sua observação sobre a formação social do Brasil e da Bahia. Show da Independência reafirma a linha autoral da carreira de Gerônimo, com canções como Vendaval, Tempo É Tempo e Seu Pagador. O artista fez questão de incluir também alguns sucessos de sua trajetória (É d'Oxum, Agradecer e Abraçar, Jubiabá), que atualizam e dialogam com o tema histórico do projeto através de aspectos simbólicos da nossa formação mestiça.

Já o ator vai interpretar o Padre Perereca, que nasceu e morreu no Rio de Janeiro nos anos de 1800 e acompanhou o processo e os caminhos que levaram à Independência. Os textos trazem narrativas curiosas e apaixonantes – ora engraçadas, ora esclarecedoras – sobre o contexto de mudanças num período particular da história. Eles foram selecionados da trilogia escrita pelo historiador e jornalista Laurentino Gomes, best-seller internacional: 1808 (sobre a chegada da coroa portuguesa ao Brasil), 1822(Independência) e 1889 (Proclamação da República).

Gerônimo compara o Padre Perereca a uma espécie de Cuíca de Santo Amaro, pois ele costumava relatar os acontecimentos relevantes da época. E, embora fosse do Rio, seus comentários se projetam além mar. O ator Urias Lima diz que leva para o palco uma alegoria, centrada no humor. Ele cuidadosamente extraiu trechos que têm a ver com o repertório apresentado por Gerônimo, num diálogo artístico que vai além das legendas. Claro que a figura do religioso também não passou em branco pela pena do compositor, que escreveu para ele uma canção ("Eca, eca eca/ lá vem o padre perereca/ com o olho esbugalhado/ cara de mal assombrado"). Com formação semiacústica, o tem baixo (Maninho), guitarra (Toni Duarte) percussão (Tião Omolu) e backing vocal (Morgana D'Ávila). A produção é da Sole Produções.